Polícia prende o quinto suspeito na execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes

Investigação aponta ligação com o PCC e reforça ofensiva contra o crime organizado em São Paulo

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na manhã desta segunda-feira (6), mais um suspeito de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, ocorrido em 15 de setembro, na cidade de Praia Grande, litoral sul paulista. A operação, conduzida por equipes do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), resultou na detenção do quinto investigado pelo crime, em uma ação realizada na região de Cotia, na Grande São Paulo. O nome do suspeito não foi divulgado para preservar o andamento das investigações.

Ruy Ferraz Fontes, de 68 anos, foi morto a tiros em uma emboscada que chocou a corporação e reacendeu debates sobre a retaliação do crime organizado contra autoridades de segurança pública. Imagens de câmeras de monitoramento mostram o momento em que o carro do ex-delegado é perseguido em alta velocidade por outro veículo. Na tentativa de escapar, ele perde o controle, capota entre dois ônibus, e é executado por homens fortemente armados que descem de um automóvel com fuzis.

A gravação mostra que três criminosos participaram diretamente da execução: dois se aproximam e disparam diversas vezes contra o veículo, enquanto o terceiro dá cobertura. Após o ataque, o trio retorna ao carro e foge pela mesma via usada na perseguição. O crime foi cometido em plena luz do dia, em uma área movimentada, próxima à Prefeitura e ao Fórum de Praia Grande, o que reforça o grau de ousadia dos executores.

Histórico de um delegado temido pelo crime organizado

Com mais de quatro décadas de carreira na Polícia Civil paulista, Ruy Ferraz Fontes era conhecido pelo perfil técnico e linha dura. Atuou em setores estratégicos como o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), o Denarc e o Deic, comandando investigações contra quadrilhas de roubos a bancos e tráfico de drogas.

Durante sua trajetória, esteve à frente de operações que resultaram na prisão de líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) nos anos 2000 — o que, segundo investigadores, pode ter motivado vinganças posteriores.

Em 2020, assumiu o posto máximo da instituição, como delegado-geral de Polícia do Estado de São Paulo, permanecendo até 2022. Após a aposentadoria, foi convidado pelo prefeito Alberto Mourão (MDB) para integrar a equipe da administração municipal de Praia Grande, onde exerceu o cargo de secretário de Administração até este ano.

Investigações e possíveis motivações

A Polícia Civil trabalha com três linhas principais de investigação:

1. Retaliação de facções criminosas contra sua atuação passada no combate ao PCC;

2. Disputa política e interesses locais ligados à administração pública de Praia Grande;

3. Questões pessoais ou profissionais recentes, que ainda estão sendo apuradas.

Fontes havia recebido ameaças veladas nos últimos meses, conforme relataram colegas próximos. Apesar disso, recusava escolta e seguia sua rotina normalmente. Investigadores afirmam que o ataque foi cuidadosamente planejado, com uso de armas de grosso calibre e coordenação tática típica de grupos com treinamento militar ou paramilitar.

Repercussão e promessa de rigor

A morte de Ruy Ferraz Fontes causou comoção entre delegados, investigadores e autoridades. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que “todas as forças policiais estão empenhadas em identificar e prender todos os envolvidos” e garantiu que o caso é tratado como prioridade absoluta.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também comentou o caso, dizendo que “a execução de um servidor público dedicado à defesa da sociedade não ficará impune”.

Com a nova prisão, os investigadores acreditam estar próximos de identificar o mandante do crime, considerado peça-chave para esclarecer as motivações por trás da execução do ex-delegado.

Fontes será lembrado, segundo colegas de profissão, como “um símbolo de coragem e compromisso com a lei, mesmo diante do perigo”.

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