
Novo míssil intercontinental e discurso de Kim Jong-un marcam celebração dos 80 anos do Partido dos Trabalhadores
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
A Coreia do Norte realizou na sexta-feira (10), em Pyongyang, um imponente desfile militar em comemoração aos 80 anos do Partido dos Trabalhadores. O evento exibiu novos equipamentos bélicos e reforçou a narrativa de fortalecimento militar do regime de Kim Jong-un, que busca consolidar o país como uma potência defensiva.
Entre os destaques esteve o míssil Hwasongpho-20, apresentado como o “sistema de armas nucleares estratégicas mais poderoso” da Coreia do Norte. Segundo análises do projeto 38North, ligado ao Stimson Center, o novo modelo representa uma evolução das versões anteriores — Hwasongpho-18 e Hwasongpho-19 —, já capazes de atingir o território norte-americano. O Hwasongpho-19, por exemplo, possui maior capacidade de carga, comportando múltiplas ogivas. Já as especificações do Hwasongpho-20 permanecem em sigilo.
Além dos mísseis intercontinentais, o desfile incluiu tanques modernos, mísseis hipersônicos de médio alcance e veículos planadores hipersônicos, evidenciando o avanço tecnológico das forças armadas norte-coreanas. A exibição foi acompanhada por uma salva de tiros e uma série de apresentações das forças terrestres, aéreas e navais.
Pressões externas e retórica estratégica
A demonstração de força ocorre em meio a crescentes tensões internacionais. Os Estados Unidos continuam a pressionar pela desnuclearização da península, mas Kim Jong-un já deixou claro que o tema “não está em discussão”. A cobertura oficial, feita pela agência estatal KCNA, retratou o desfile como um momento de “glória nacional” e de reafirmação do compromisso com o socialismo.
Durante o evento, Kim revisou as tropas e discursou ao lado de líderes estrangeiros — entre eles, o primeiro-ministro chinês Li Qiang e o ex-presidente russo Dmitry Medvedev. Em sua fala, exaltou as forças armadas e destacou a necessidade de fortalecer continuamente o poder militar:
“Nosso exército deve crescer até se tornar uma entidade invencível que destrua todas as ameaças que se aproximem do nosso alcance de autodefesa”, afirmou o líder norte-coreano.
Diferente de discursos anteriores, Kim evitou citar diretamente os Estados Unidos e a Coreia do Sul, preferindo uma retórica mais ampla sobre o combate à “hegemonia” global. Mesmo assim, voltou a criticar o fortalecimento da aliança militar entre Washington e Seul, classificando-o como um fator de instabilidade na região.
Força e propaganda
Para analistas, o desfile teve duplo objetivo: mostrar poder militar à comunidade internacional e reforçar o sentimento de orgulho nacional após períodos de dificuldades econômicas. Além de projetar força, o evento também serve como vitrine para possíveis compradores estrangeiros de armamentos.
A grandiosidade da cerimônia e a presença de líderes aliados evidenciam o esforço de Kim Jong-un em reafirmar sua imagem de líder invencível — não apenas perante o mundo, mas principalmente diante de seu próprio povo.
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