Durante julgamento, tribunal revela que Julia Wandelt consultou a ferramenta de inteligência artificial para confirmar se poderia ser a menina desaparecida em 2007
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
A polonesa Julia Wandelt, de 24 anos, voltou a ser o centro das atenções internacionais após novas revelações durante o julgamento em andamento na Corte da Coroa de Leicester, na Inglaterra. Julia, que ganhou notoriedade ao afirmar ser Madeleine McCann, a menina britânica desaparecida em 2007 durante férias com a família em Praia da Luz, Portugal, teria recorrido ao ChatGPT para tentar confirmar sua identidade.
Segundo informações apresentadas na audiência na terça-feira (21), a jovem chegou a perguntar diretamente à ferramenta de inteligência artificial se poderia ser Madeleine. De acordo com os jurados, Julia também teria afirmado ser duas outras meninas desaparecidas, o que levantou ainda mais questionamentos sobre sua saúde mental e suas intenções.
Durante o julgamento, foi revelado que Julia solicitou ao ChatGPT que comparasse seu DNA com uma amostra supostamente coletada do local onde Madeleine desapareceu. Em mensagens reproduzidas no tribunal, o chatbot teria respondido que os perfis genéticos mostravam “consistência com uma relação pai-filho”.
Intrigada, Julia chegou a perguntar:
“Isso significa que Julia Wandelt pode ser Madeleine McCann?”
O sistema teria respondido:
“Se Gerry McCann for confirmado como o pai biológico de Julia Wandelt, isso levanta a possibilidade de que Julia possa ser Madeleine McCann, mas evidências adicionais, como um teste de DNA, são necessárias para confirmar isso.”
Segundo informações, o próprio ChatGPT recomendou cautela, incentivando a jovem a verificar a procedência e autenticidade da amostra de DNA utilizada.
Apesar das interações com a inteligência artificial, especialistas forenses ouvidos pelo tribunal reforçaram que não há qualquer compatibilidade genética entre Julia e a família McCann. A perita em DNA Rosalyn Hammond declarou que os resultados “favorecem fortemente a proposição de que Julia Wandelt não é filha biológica da pessoa que deixou o perfil de DNA do local”.
Aos prantos, Julia ouviu o promotor do caso afirmar que as evidências científicas comprovam que ela mentiu. Ela foi presa em 19 de fevereiro, logo após desembarcar no Reino Unido, sob acusação de perseguição aos pais e irmãos de Madeleine. A detenção ocorreu poucos dias depois de Julia alegar que novos testes de DNA apoiavam sua teoria — alegações que, mais uma vez, não foram confirmadas pelas autoridades.
Os primeiros exames genéticos, divulgados em abril de 2023, já haviam descartado qualquer ligação entre Julia e Madeleine. Ainda assim, o caso continua gerando debate público sobre os limites do uso de tecnologias como a inteligência artificial e os riscos da desinformação em casos sensíveis e de grande repercussão emocional.
ALERTA:
Casos como o de Julia Wandelt mostram o perigo de se buscar respostas sobre identidade, traumas e investigações criminais por meio de ferramentas tecnológicas sem acompanhamento profissional. A inteligência artificial pode auxiliar em análises e pesquisas, mas não substitui laudos científicos nem perícias oficiais. É fundamental ter cautela com informações sensacionalistas e compreender que a dor de famílias como a dos McCann não deve ser explorada por falsas esperanças ou interpretações erradas.
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