Estudo mapeia milhões de mensagens falsas no Telegram, revela alegações perigosas e alerta para o impacto na saúde pública
Por Tatiane Martinelli |GNEWSUSA
Um estudo divulgado na última sexta-feira, Dia Nacional da Vacinação, apontou que o Brasil concentra 40% de toda a desinformação sobre vacinas que circula no Telegram na América Latina, tornando-se líder na propagação de conteúdos falsos.
Intitulado Desinformação Antivacina na América Latina e no Caribe, o levantamento analisou 81 milhões de mensagens publicadas em 1.785 comunidades conspiratórias entre 2016 e 2025, em 18 países. Foram identificadas 175 supostas consequências atribuídas às vacinas e 89 falsos “antídotos” vendidos como formas de neutralizar seus efeitos.
Elaborado pelo Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DesinfoPop/FGV), o estudo mostrou que o Brasil lidera tanto no volume de mensagens quanto no número de usuários ativos, com mais de 580 mil conteúdos falsos ou enganosos.
Para Ergon Cugler, coordenador do estudo, a liderança brasileira se explica pela falta de regulação digital. “Temos um ambiente digital pouco regulado, com plataformas que lucram com o engajamento por meio do medo, e uma sociedade polarizada, que cria terreno fértil para o discurso conspiratório”, explicou à Agência Brasil. Entre os outros líderes estão Colômbia (125,8 mil mensagens falsas), Peru (113 mil) e Chile (100 mil).
Principais conteúdos falsos
As alegações mais comuns incluem a ideia de que a vacina provoca morte súbita (15,7% das mensagens), altera o DNA (8,2%), causa AIDS (4,3%), envenenamento (4,1%) ou câncer (2,9%).
Além disso, grupos conspiratórios promovem “antídotos” sem eficácia científica, como ficar descalço para limpar energias (2,2%) ou consumir dióxido de cloro (1,5%). Segundo o Ministério da Saúde, tais informações são falsas e podem gerar riscos graves à saúde. A substância, controlada pela Anvisa, é tóxica e destinada apenas à higienização de ambientes, podendo provocar intoxicação ou morte se ingerida.
Cugler ressalta que a desinformação antivacina se tornou um mercado lucrativo, explorando o medo para vender produtos, cursos e terapias sem base científica. “Essas mensagens usam jargões científicos para parecer confiáveis, mas seu objetivo é plantar dúvida, minando a confiança na ciência e colocando vidas em risco”, alertou.
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