População do RJ, Salvador e Fortaleza segue vulnerável enquanto governo prioriza segurança de chefes de Estado.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta semana, o decreto que autoriza o uso das Forças Armadas durante a COP30, conferência ambiental da ONU que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025. O objetivo é garantir a segurança de chefes de Estado, delegações estrangeiras e autoridades internacionais durante o evento.
A medida valerá entre 2 e 23 de novembro, período em que Exército, Marinha e Aeronáutica terão poder de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — instrumento constitucional que permite ação militar em apoio às forças de segurança.
No entanto, a decisão reacendeu críticas sobre as prioridades do governo federal, que se mostra ágil em responder a demandas internacionais, mas omisso diante da crise de segurança que atinge milhões de brasileiros em todo o país.
Segurança para o mundo, insegurança para o povo
Enquanto a COP30 receberá reforço militar para proteger estrangeiros, cidades como o Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza vivem sob o domínio do crime organizado, com tiroteios diários, escolas fechadas e agentes de segurança em desvantagem.
A ausência de ações federais efetivas nesses locais evidencia a falta de equilíbrio nas decisões de segurança pública. Segundo analistas, o governo prioriza sua imagem internacional enquanto evita medidas duras em território nacional.
“O governo federal se mobiliza para proteger chefes de Estado, mas não demonstra a mesma urgência para proteger o próprio povo”, afirmou um especialista em segurança.
Dois pesos e duas medidas
A decisão de Lula contrasta com a postura do governo diante da escalada de violência em estados sob colapso, especialmente no Rio de Janeiro, onde o tráfico e as milícias dominam comunidades inteiras.
Mesmo com pedidos de apoio federal, o Planalto tem evitado decretar GLOs locais, alegando que “segurança pública é dever dos estados”.
Mas, diante de um evento internacional de prestígio, a mobilização foi imediata.
“Quando a imagem do país está em jogo, há ação. Quando é a vida do cidadão comum, há silêncio”, comentou um delegado da reserva.
Imagem internacional acima da realidade nacional
A COP30 será palco de líderes de mais de 140 países, além de empresários, ONGs e organismos multilaterais. O governo brasileiro vê no evento uma oportunidade de reafirmar protagonismo diplomático e liderança ambiental — uma narrativa central da gestão Lula.
Contudo, especialistas alertam que o país se tornou um dos mais violentos da América Latina, com avanço de facções e tráfico de armas. Para muitos, a pressa em “fazer bonito lá fora” expõe a contradição de um governo que foca na imagem e ignora o caos dentro de casa.
GLO para eventos, não para o povo
A Garantia da Lei e da Ordem é um instrumento excepcional, mas sua aplicação tem sido seletiva.
Na COP30, o Exército atuará em aeroportos, portos, hidrelétricas e vias de acesso à capital paraense, enquanto a população de outros estados permanece à mercê da violência cotidiana.
“A presença militar em Belém será simbólica, não estratégica. O Brasil precisa de força contra o crime, não de encenação diplomática”, afirma o analista de defesa Paulo Andrade.
Conclusão
O decreto presidencial confirma um padrão já percebido por especialistas: rapidez para proteger a imagem internacional, lentidão para garantir segurança interna.
Enquanto Belém será cercada por tropas federais e sistemas de vigilância reforçados, milhares de brasileiros continuam desprotegidos — reféns do tráfico, das milícias e de um Estado que escolhe quando agir.
A decisão de Lula, embora legítima dentro da lei, reforça o contraste entre o Brasil que quer aparecer nos palcos internacionais e o Brasil real, onde a insegurança é diária e a ausência do governo é sentida em cada esquina.
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