OMS alerta: Europa enfrenta persistência alarmante da obesidade infantil

Uma em cada quatro crianças europeias tem excesso de peso, e menos de 5% consomem frutas e verduras todos os dias
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta quarta-feira (5), um relatório preocupante sobre a obesidade infantil na Europa. O estudo, baseado em dados da 6ª rodada da Iniciativa Europeia de Vigilância da Obesidade Infantil (COSI), revelou que uma em cada quatro crianças entre 7 e 9 anos apresenta excesso de peso, enquanto uma em cada dez vive com obesidade. Apesar de sinais de estabilização em alguns países, a taxa permanece alta e representa uma séria ameaça à saúde pública no continente.

Obesidade infantil persiste e revela desigualdades sociais

O relatório, que analisou dados de mais de 470 mil crianças de países europeus, aponta que, embora alguns países apresentem redução modesta nos índices, os aumentos ainda superam as quedas, especialmente em regiões de menor renda. Em algumas nações, a prevalência de obesidade chega a 20% entre as crianças.

Pela primeira vez, o estudo também registrou casos de magreza, evidenciando um paradoxo nutricional: desnutrição e obesidade coexistem dentro de um mesmo contexto social e geográfico. Isso, segundo a OMS, demonstra o impacto direto das desigualdades econômicas sobre o acesso a alimentos saudáveis e à educação alimentar.

Outro dado preocupante é a percepção equivocada dos pais. O levantamento revelou que mais da metade das famílias subestima o peso das crianças, considerando-as com peso “normal” ou até “abaixo do ideal”, mesmo diante de diagnósticos de sobrepeso.

Alimentação inadequada e influência do ambiente digital

A análise da OMS mostra que menos de 5% das crianças cumprem a recomendação de consumir cinco porções diárias de frutas e vegetais. Apenas 46% consomem frutas frescas todos os dias e 32% comem vegetais pelo menos uma vez ao dia.

Por outro lado, 41% das crianças consomem doces regularmente e 29% ingerem refrigerantes açucarados. O relatório também relaciona o padrão alimentar ao nível de escolaridade dos pais: famílias com maior nível educacional tendem a ter dietas mais equilibradas, enquanto as de menor escolaridade consomem mais alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e sal.

Outro destaque é o aumento da dependência de refeições prontas: 39% das famílias afirmaram pedir comida online ao menos uma vez por mês, um indicador de mudanças nos hábitos alimentares e da influência crescente das plataformas digitais na rotina alimentar das famílias.

Atividade física e tempo de tela: uma relação desigual

Em relação à atividade física, 53% das crianças vão para a escola de forma ativa – a pé, de bicicleta ou patins –, mas 40% ainda dependem de transporte motorizado. Curiosamente, o transporte ativo é mais comum entre crianças de famílias com menor nível de renda e escolaridade.

Apesar de quase todas as crianças relatarem ao menos uma hora diária de brincadeiras ativas, 42% passam mais de duas horas por dia diante de telas durante a semana, e esse número sobe para 78% nos fins de semana.

Embora 89% durmam pelo menos nove horas por noite, menos da metade alcança as 10 horas de sono recomendadas pela OMS para a faixa etária.

OMS faz apelo por políticas públicas e ações urgentes

O diretor de Prevenção e Promoção da Saúde da OMS/Europa, Gundo Weiler, afirmou que o desafio da obesidade infantil é um reflexo direto da desigualdade social e econômica entre os países europeus.

“O reforço e a ampliação das políticas de prevenção da obesidade baseadas em dados concretos são uma parte essencial deste esforço, cruciais para proteger a saúde e o bem-estar das crianças em toda a região”, declarou Weiler.

Entre as medidas recomendadas pela OMS estão:

  • taxação de bebidas e alimentos ultraprocessados;

  • restrições à publicidade de alimentos não saudáveis voltada ao público infantil;

  • rotulagem nutricional clara e acessível;

  • melhoria dos padrões alimentares nas escolas;

  • e programas de incentivo à atividade física regular.

O relatório da OMS reforça a urgência de políticas integradas que combatam tanto a obesidade quanto a má nutrição infantil. A combinação de alimentação desequilibrada, sedentarismo e desigualdade social continua sendo um obstáculo grave à saúde pública europeia.

Segundo a OMS, enfrentar a obesidade infantil é um investimento no futuro: “Cada criança saudável hoje representa um adulto mais produtivo e uma sociedade mais equilibrada amanhã”.

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