Escândalo da COP30: governo libera R$ 4,4 milhões para empresa investigada por propina em Belém

Construtora investigada pela Polícia Federal recebeu verba pública para hotel em Belém, mesmo sob suspeita de corrupção. Portaria assinada por Celso Sabino ampliou crédito e concentrou poder no Ministério do Turismo
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

A COP30, que está sendo realizada em Belém, começou marcada por um escândalo que ameaça manchar o evento mais importante da agenda climática global.
Uma construtora investigada por corrupção e pagamento de propina recebeu R$ 4,4 milhões em recursos públicos destinados a obras relacionadas à conferência. O dinheiro foi liberado pelo Ministério do Turismo, sob comando de Celso Sabino (União Brasil-PA), e repassado via Caixa Econômica Federal, dentro do programa Novo Fungetur — criado para financiar infraestrutura turística e empreendimentos voltados à COP30.

Construtora sob investigação

A empresa beneficiada é a Ômega Construtora e Incorporadora, de propriedade do empresário Igor de Sousa Jacob e de seu pai, ambos alvos de investigação da Polícia Federal.
Eles são suspeitos de lavagem de dinheiro, saques em espécie e pagamento de propinas relacionados a contratos públicos de saneamento em Belém.

Mesmo com o histórico de irregularidades, a Ômega obteve autorização para usar os R$ 4,4 milhões na conclusão do Hotel Amazônia Seasons, um empreendimento que recebe hóspedes e delegações participantes da COP30.

De acordo com documentos obtidos e divulgados por veículos como Pleno.News e MídiaNews, a construtora foi citada em relatórios policiais por movimentações financeiras atípicas e operações de fachada para desviar recursos públicos.

Portaria ampliou crédito e concentrou poder

Dias antes da liberação do financiamento, o Ministério do Turismo publicou uma portaria que aumentou o teto de crédito no Pará e determinou a necessidade de anuência expressa da pasta para aprovar financiamentos relacionados à COP30.

Na prática, isso deu ao ministro Celso Sabino o poder direto de decidir sobre os empréstimos milionários concedidos a empresas privadas.
Especialistas em governança pública alertam que a medida reduziu os mecanismos de controle e aumentou o risco de ingerência política nos repasses.

O Ministério justificou a mudança como uma tentativa de “agilizar obras e impulsionar o turismo” na capital paraense, mas o resultado foi a liberação de verba a uma empresa sob investigação criminal — em pleno momento de exposição internacional do Brasil.

Contradições e silêncio oficial

Em nota à imprensa, Celso Sabino afirmou que o governo “não interfere nas decisões dos bancos” e que cabe à Caixa Econômica Federal avaliar os pedidos de crédito.
Entretanto, a portaria assinada pelo próprio ministro o coloca como instância final de aprovação, o que contradiz sua defesa pública.

A Caixa, por sua vez, confirmou a existência do contrato, mas não respondeu se levou em conta o histórico judicial da empresa e de seus sócios durante o processo de análise.

Relatórios da PF apontam saques e propinas

Investigações da Polícia Federal revelam que os sócios da Ômega realizaram saques em espécie de valores expressivos, logo após receber recursos públicos.
Relatórios apontam ainda trocas de mensagens mencionando “comissões” e “acertos de valores”, o que reforça a suspeita de pagamento de propina em contratos públicos.

Apesar das evidências, a construtora foi contemplada com recursos federais vinculados à COP30 — um evento que deveria simbolizar ética, sustentabilidade e compromisso com a transparência.

COP30 em meio à crise política

Enquanto chefes de Estado e ativistas discutem o futuro climático do planeta, o Brasil se vê às voltas com denúncias de má gestão e favorecimento político em pleno palco do evento.
A polêmica ameaça ofuscar as pautas ambientais e expõe a contradição entre o discurso oficial e a prática administrativa do governo.

O escândalo da Ômega Construtora coloca em xeque a credibilidade da COP30 e lança dúvidas sobre a real prioridade dada à sustentabilidade, num momento em que o país tenta reafirmar sua liderança ambiental diante do mundo.

A COP30 chegou, mas o discurso sobre sustentabilidade parece não ter inspirado a forma como o governo gerencia os recursos públicos.
Ao concentrar poder e flexibilizar regras de crédito, o Ministério do Turismo abriu brechas que agora expõem o país a uma crise de imagem internacional.
A conferência climática que deveria simbolizar transparência e compromisso com o futuro se inicia envolta em suspeitas de corrupção e favorecimento político — um reflexo do velho padrão que o Brasil insiste em repetir.

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