Doença ainda mata mais de 350 mil mulheres por ano, apesar de ser amplamente evitável. Avanços na vacinação contra HPV, expansão do rastreio e novos investimentos colocam o mundo mais próximo da eliminação da doença
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
Pela primeira vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) celebra, nesta segunda-feira (17), o Dia Internacional para Eliminação do Câncer de Colo do Útero — uma doença que segue causando mais de 350 mil mortes anuais, apesar de ser altamente prevenível com vacinação e rastreamento. A data marca um passo histórico na mobilização global pela erradicação do câncer cervical, que afeta de forma desproporcional mulheres em países de baixa e média renda.
Vacinação e rastreio: pilares da estratégia global
A OMS reforça os três pilares que guiam a estratégia mundial rumo à eliminação da doença:
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Vacinar 90% das meninas contra o HPV, vírus responsável pela maioria dos casos de câncer cervical.
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Rastrear 70% das mulheres com testes de alta precisão.
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Tratar 90% dos casos pré-cancerosos e invasivos, garantindo acesso rápido e equitativo aos serviços de saúde.
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, o que começou como “um sonho distante” vem se aproximando da realidade graças ao esforço coordenado de governos, instituições internacionais e comunidades locais. Com mais países ampliando seus programas de vacinação e rastreamento, a eliminação do câncer cervical pode se tornar uma das maiores conquistas da saúde pública do século.
Avanços concretos em 2024 e 2025
A mobilização global não se limita a discursos: o último ano trouxe avanços significativos, especialmente em regiões onde a doença é mais comum.
Exemplos de progresso:
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Serra Leoa e Libéria vacinaram mais de 1,5 milhão de meninas em grande campanha regional.
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Malásia promoveu semana nacional de sensibilização liderada por sobreviventes do câncer, incentivando o autoteste de HPV.
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Angola, Cuba, Tajiquistão e Tunísia expandiram ou introduziram a vacinação de rotina contra o HPV.
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China oficializou a inclusão da vacina no programa nacional, garantindo o imunizante para adolescentes de 13 anos.
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Gana e Nepal realizaram campanhas nacionais para meninas em idade escolar.
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Nigéria fortaleceu seu plano de eliminação com novo financiamento articulado pela primeira-dama.
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Paquistão executou a maior campanha de HPV de sua história, alcançando mais de 9 milhões de meninas e adolescentes.
Meta global antecipada: 86 milhões de meninas vacinadas
A Gavi, Aliança para as Vacinas, confirmou que sua meta de atingir 86 milhões de meninas vacinadas até o final de 2025 já foi cumprida antes do previsto.
O marco representa um avanço crucial na proteção das futuras gerações e reflete a capacidade da comunidade internacional de responder de maneira coordenada a desafios globais de saúde.
Ao mesmo tempo, a parceria entre a OMS e a Unitaid tem ampliado programas de rastreamento e cuidados precoces na região do Pacífico Ocidental, garantindo acesso ao diagnóstico mesmo em áreas remotas.
Autocoleta amplia acesso e reduz desigualdades
Inovações como o autoteste de HPV estão transformando a dinâmica do rastreio — especialmente para mulheres que vivem em regiões com poucos recursos ou dificuldades de acesso a serviços de saúde.
Com a possibilidade de coleta simples e sigilosa, cresce o número de mulheres que conseguem realizar o exame em segurança e privacidade.
Um compromisso global pelo futuro das mulheres
Para a OMS, eliminar o câncer de colo do útero não é apenas uma estratégia de saúde pública: é uma questão de dignidade, equidade e garantia de futuro para milhões de mulheres e meninas.
Com ações contínuas, investimentos sustentados e mobilização internacional, a doença — amplamente evitável — pode ser eliminada como problema de saúde pública ainda neste século.
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