Diretriz internacional recomenda uso prolongado de medicamentos GLP-1, reconhece caráter crônico da obesidade e alerta para desigualdades no acesso aos tratamentos
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A obesidade acaba de ser oficialmente reconhecida como uma doença crônica por especialistas internacionais, que também anunciaram um novo protocolo global de tratamento. A atualização redefine a forma como médicos e governos devem abordar a condição, considerada um dos maiores desafios de saúde pública do século.
Segundo o novo entendimento, a obesidade não deve mais ser tratada apenas como resultado de escolhas individuais, mas como uma condição multifatorial, influenciada por fatores genéticos, metabólicos, ambientais, psicológicos e sociais. Isso modifica profundamente a abordagem terapêutica, que passa a exigir tratamento contínuo, acompanhamento profissional e intervenções baseadas em evidências.
Mudanças no tratamento
O novo protocolo estabelece que o tratamento deve incluir:
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Acompanhamento médico regular, com avaliação metabólica completa.
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Mudanças estruturadas no estilo de vida, incluindo alimentação, sono, mobilidade e manejo de estresse.
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Tratamento medicamentoso, quando indicado.
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Terapias comportamentais, especialmente para pacientes com distorções de imagem ou compulsão alimentar.
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Possibilidade de cirurgia bariátrica, de acordo com critérios revisados.
Medicamentos da classe GLP-1 — como liraglutida, semaglutida e tirzepatida — passam a ser recomendados para uso prolongado em adultos com obesidade, exceto durante a gravidez, desde que combinados com acompanhamento clínico contínuo. Essas drogas imitam um hormônio que regula apetite, digestão e glicemia, e estudos mostram perda de peso relevante em muitos pacientes.
Eficácia com limites e preocupações de acesso
Apesar dos ganhos clínicos relatados, as recomendações permanecem condicionais em razão de lacunas de evidência sobre segurança a longo prazo e sobre a durabilidade da perda de peso após interrupção do tratamento. Outro ponto crítico é o custo elevado das terapias e o risco de ampliar desigualdades de acesso entre países ricos e de baixa renda.
Estimativas apontam que, sem políticas de ampliação da oferta, menos de 10% das pessoas elegíveis terão acesso aos medicamentos até 2030. A expansão rápida da demanda já pressiona cadeias de abastecimento e aumenta o risco de circulação de produtos falsificados.
Medicamentos não substituem ações estruturais
Os especialistas reforçam que remédios não substituem abordagens integradas de saúde pública. O protocolo recomenda que tratamentos farmacológicos sejam parte de uma estratégia combinada, que inclui:
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promoção de alimentação saudável;
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políticas para reduzir consumo de alimentos ultraprocessados;
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incentivo à prática regular de atividade física;
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apoio psicológico e programas comunitários;
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ambientes urbanos que favoreçam escolhas saudáveis.
Governos são convocados a implementar medidas regulatórias na indústria alimentícia, políticas de prevenção e intervenções que atuem sobre determinantes sociais da saúde.
Segurança, regulação e próximos passos
Autoridades sanitárias alertam para a necessidade de cadeias de fornecimento reguladas, prescrição qualificada e vigilância contra falsificações. A orientação integra evidências científicas e contribuições de especialistas e pessoas que vivem com obesidade, e deverá ser atualizada à medida que novos dados surgirem.
Nos próximos anos, prevê-se esforço internacional para priorizar grupos em maior risco, reduzir desigualdades de acesso e monitorar a segurança de tratamentos prolongados. Enquanto isso, a comunidade médica reforça que reconhecer a obesidade como condição crônica é um passo decisivo para reduzir estigma e ampliar o acesso a cuidados integrados.
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