Brasil para: caminhoneiros culpam Lula pela pior crise no transporte em anos

Categoria chega ao limite e inicia paralisação com apoio jurídico para pressionar o Planalto

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

A paralisação anunciada por caminhoneiros para esta quarta-feira, 4 de dezembro, ganhou contornos definitivos após lideranças regionais terem ido à Presidência da República comunicar pessoalmente a decisão. A categoria afirma que não se trata de uma greve improvisada, mas sim de um movimento amadurecido ao longo de meses de frustração, perdas financeiras e falta de diálogo. O apoio jurídico assumido pelo desembargador aposentado Sebastião Coelho se tornou o elemento que fortaleceu a confiança dos motoristas e deu um tom mais organizado à mobilização.

De acordo com vídeos divulgados pelos próprios líderes do ato, o representante conhecido como Chicão, ligado a grupos regionais de caminhoneiros, explicou após a reunião que a categoria decidiu tomar uma medida extrema porque, segundo ele.

“Não há mais condição de rodar com o diesel no preço que está e com o governo fingindo que isso não existe”.

A fala, direta e dura, reflete o sentimento predominante no setor: a estrada se tornou financeiramente inviável.

Os caminhoneiros afirmam que o diesel — principal custo da atividade — passou por aumentos que inviabilizam a operação, enquanto as tabelas de frete permanecem praticamente congeladas. Eles relatam que o lucro se perdeu entre reajustes de combustível, pedágios, peças e manutenção. Muitos dizem que trabalham “para pagar contas”, não para viver, e que encaram a profissão como um sacrifício. Há relatos de motoristas que perderam caminhões por atraso em financiamentos, resultado da combinação cruel entre transporte mal remunerado e juros altos.

Embora o governo tenha tentado conter críticas com discursos sobre responsabilidade fiscal e recomposição de preços, a categoria afirma que não foi ouvida em nenhum momento decisivo. Eles dizem que nenhuma proposta concreta chegou às mãos dos autônomos, que são a grande maioria. Como resumiu um motorista de Santa Catarina em um dos vídeos amplamente compartilhados:

“O governo trabalha com números. A gente trabalha com suor. E ninguém veio conversar com quem tem o pé na estrada.”

Além da questão econômica, há um elemento que se tornou central no debate: a insegurança. Caminhoneiros relatam aumento de roubos, estradas deterioradas e falta de patrulhamento. Segundo eles, circular por rotas estaduais e federais virou um risco, especialmente à noite. Para muitos, o abandono na infraestrutura e a violência crescente são sinais claros de que a categoria está fora da prioridade nacional, embora carregue nas costas o abastecimento do país.

Nesse cenário crítico, a presença do desembargador aposentado Sebastião Coelho deu ao movimento um caráter estratégico. Coelho afirmou que sua missão é acompanhar os protocolos legais da paralisação, orientando para que tudo seja feito de forma juridicamente correta. Isso significa evitar ilegalidades, garantir registros formais e proteger motoristas contra ações judiciais individuais. Para a categoria, ter um jurista conhecido ao lado da mobilização representa uma proteção contra o que chamam de “perseguição a trabalhadores”, expressão amplamente repetida em grupos de caminhoneiros nas redes.

O ponto mais importante da mobilização é o seguinte: a categoria afirma que chegou ao seu limite financeiro e moral, e que a paralisação é o único caminho encontrado para obrigar o governo a olhar para quem sustenta a economia real.

A escolha da data, 4 de dezembro, também não é casual. O movimento foi marcado em um momento de tensão política, com aumento de gastos públicos, instabilidade econômica, discussões sobre impostos e dificuldades generalizadas no setor de transporte. A palavra que os líderes vêm usando para descrever o cenário é “colapso”.

Os caminhoneiros afirmam que pretendem manter a paralisação até que o governo marque uma reunião oficial com representantes reais da categoria — e não apenas com entidades que, segundo eles, “não vivem o dia a dia da boleia”. Eles pedem uma política estável para o diesel, condições de renegociação de dívidas, revisão dos valores de frete e melhorias imediatas na segurança das rodovias.

Entre os motoristas, o discurso é firme: “Se o caminhão parar, o Brasil sente. Mas quem mais está sentindo hoje é o caminhoneiro. A gente não vai aceitar morrer calado”, disse outro líder regional que aparece em vídeos de convocação.

Essa fala simboliza o espírito da paralisação: não é apenas por economia, mas por dignidade. O descontentamento acumulado se transformou em ação, e agora o país observa com atenção se o governo buscará diálogo ou se permitirá que a crise atinja as estradas — e, inevitavelmente, os supermercados, os combustíveis e o abastecimento nacional.

A partir das primeiras horas do dia 4, o Brasil descobrirá se o grito dos caminhoneiros, ignorado ao longo do ano, finalmente será ouvido.

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