Operação Ascaris revela que itens destinados às vítimas das enchentes de 2024 foram repassados a uma ONG e revendidos; investigação apura lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Doações enviadas dos Estados Unidos para ajudar famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024, foram desviadas e revendidas em brechós da Serra gaúcha, de acordo com o Ministério Público do Estado. A denúncia motivou a deflagração da Operação Ascaris, realizada nesta quinta-feira (4/12) pelo Gaeco/MPRS.
As investigações mostraram que roupas, fraldas, mamadeiras, escovas de dente e diversos utensílios enviados por moradores dos EUA — além de donativos recebidos de empresas locais — foram entregues a uma ONG da região. Em vez de serem repassados às famílias desabrigadas, os materiais eram separados e colocados à venda.
Os promotores identificaram ainda fortes indícios de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e enriquecimento ilícito. O grupo teria utilizado “laranjas” para receber valores via Pix, movimentar contas bancárias e justificar compras de bens de alto valor. Entre as aquisições suspeitas estão veículos, um apartamento e outros itens incompatíveis com a renda declarada.
“O interesse público é muito superior ao interesse individual dos investigados, que se aproveitaram da dor das pessoas para obter vantagem patrimonial”, afirmou o promotor Manoel Figueiredo Antunes, responsável pela investigação. Segundo ele, alguns dos suspeitos chegaram a divulgar campanhas solidárias nas redes sociais durante as enchentes, reforçando a falsa imagem de apoio às vítimas.
A Operação Ascaris cumpriu oito mandados de busca e apreensão nas cidades de Caxias do Sul, São Marcos e Boa Vista do Sul. Houve também o bloqueio judicial de R$ 2 milhões em contas ligadas aos investigados. Oito pessoas — incluindo três membros de uma mesma família — e uma empresa são alvo do inquérito.
Durante as buscas, duas pessoas foram presas em flagrante por comercializar medicamentos proibidos juntamente com roupas que deveriam ter sido destinadas à doação. Ao todo, 70 caixas de produtos originalmente enviados para auxiliar as famílias atingidas foram apreendidas. Com autorização judicial, os itens serão redirecionados para doação.
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