Pesquisadores descobriram que mutações em uma proteína impedem que células cancerígenas percebam quando devem interromper a divisão, permitindo que continuem se multiplicando
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa (OIST), no Japão, publicaram na revista Nature Communications a descoberta de um mecanismo que explica por que células cancerígenas conseguem continuar se dividindo sem controle. O estudo mostra que mutações em uma proteína essencial impedem que as células detectem quando a divisão celular está durando mais que o normal — um sinal que deveria ativar a morte celular programada.
Como o câncer dribla o sistema de segurança do corpo
Células saudáveis possuem um sistema chamado “cronômetro mitótico”, que funciona como um detector de problemas durante a divisão celular.
Se a divisão demora demais, o corpo entende que há risco e ativa mecanismos de defesa, como interromper o processo ou destruir a célula.
No câncer, porém, esse sistema deixa de funcionar.
O estudo identificou que mutações na proteína USP28 impedem o funcionamento adequado desse cronômetro. Sem esse controle, a célula não recebe o aviso de que está dividindo por tempo demais — e continua a se multiplicar.
O papel da proteína USP28
A USP28 é responsável por ajudar a estabilizar a p53, uma das principais proteínas que protegem o corpo contra tumores.
Em condições normais:
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USP28 estabiliza a p53,
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p53 ativa a parada da divisão ou a morte celular,
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e a célula evita erros que poderiam gerar câncer.
Com mutações na USP28:
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a p53 não é estabilizada,
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o cronômetro mitótico falha,
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e a célula passa a se dividir sem parar.
Como os cientistas descobriram isso
Os pesquisadores observaram células vivas, analisaram proteínas mutadas e rastrearam o comportamento de células uma a uma.
Eles viram que, quando a USP28 está alterada, a célula perde o controle sobre o tempo de divisão e ignora os sinais de risco.
Essa falha é comum em vários tipos de tumores.
Por que essa descoberta é importante
Segundo os cientistas, entender esse mecanismo abre caminho para:
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criar tratamentos que reativem o cronômetro mitótico,
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desenvolver terapias que explorem a vulnerabilidade dessas mutações,
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prever quais tumores respondem melhor a medicamentos que alteram o processo de divisão celular.
O estudo ainda está em fase básica, mas fornece um novo alvo promissor para o desenvolvimento de terapias anticâncer mais eficazes.
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