Eleição histórica consolida avanço conservador e expõe desgaste do projeto progressista após quatro anos no poder
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
O Chile decidiu mudar de direção. Em uma eleição histórica marcada pelo voto obrigatório e por forte polarização ideológica, o candidato conservador José Antonio Kast foi eleito presidente da República com uma vantagem expressiva sobre a candidata da esquerda, Jeannette Jara.
Com 95% das urnas apuradas, Kast alcançou 58% dos votos válidos, enquanto Jara ficou com 41%, resultado que consolidou uma vitória clara e incontestável. A candidata derrotada, que havia liderado o primeiro turno no mês anterior, reconheceu publicamente o resultado.
“A democracia falou alto e claro. Acabei de falar com o presidente eleito José Antonio Kast para desejar-lhe sucesso para o bem do Chile”, escreveu Jara em sua conta oficial nas redes sociais.
Esta foi a primeira eleição presidencial chilena com voto obrigatório, o que levou mais de cinco milhões de eleitores às urnas pela primeira vez e tornou o resultado ainda mais representativo do sentimento popular.
A consolidação da direita e o fracasso da agenda progressista
Kast soube capitalizar o apoio dos eleitores conservadores e liberais que ficaram sem representação no segundo turno. Ele recebeu o respaldo explícito do deputado libertário Johannes Kaiser e da ex-prefeita Evelyn Matthei, nome tradicional da direita chilena, formando uma ampla frente contrária ao projeto da esquerda.
A eleição foi interpretada por analistas como um recado direto da sociedade chilena, especialmente em temas sensíveis como segurança pública, imigração ilegal, controle dos gastos do Estado e combate ao avanço do crime organizado — pautas que dominaram o debate eleitoral.
Enquanto Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho do atual governo, defendeu a ampliação de programas sociais e maior presença estatal, Kast apresentou uma plataforma baseada em ordem, responsabilidade fiscal e fortalecimento das forças de segurança, discurso que encontrou eco entre eleitores cansados da instabilidade dos últimos anos.
Reconhecimento do governo e transição democrática
O atual presidente, Gabriel Boric, reconheceu o resultado e entrou em contato com o presidente eleito, respeitando a tradição democrática chilena.
“Ele obteve uma vitória clara”, afirmou Boric durante a conversa telefônica.
José Antonio Kast assumirá oficialmente a presidência em 11 de março de 2026, encerrando quatro anos de um governo de esquerda e inaugurando uma nova fase política no país.
Quem é José Antonio Kast
Aos 59 anos, Kast nasceu em Paine, na região metropolitana de Santiago. Advogado de formação, é o fundador e principal liderança do Partido Republicano, legenda que cresceu rapidamente ao defender valores conservadores, liberdade econômica e soberania nacional.
Casado com a advogada María Pía Adriasola, Kast é pai de nove filhos e mantém proximidade com movimentos católicos conservadores, como o Schoenstatt. Durante a campanha, rejeitou o rótulo de “extrema-direita”, embora nunca tenha escondido suas posições firmes contra o socialismo e o progressismo.
Sua trajetória política também foi marcada por debates sobre o passado chileno. Kast já afirmou que, se estivesse vivo, o ex-presidente Augusto Pinochet teria votado nele, declaração que gerou críticas da esquerda, mas reforçou seu apoio entre eleitores que defendem uma leitura alternativa do período militar.
Ele reconhece que houve abusos durante o regime, mas sustenta que o Chile passou por uma transição institucional para a democracia, diferentemente de países que hoje vivem sob ditaduras de esquerda, como Cuba, Venezuela e Nicarágua.
Uma eleição que redefine o futuro do Chile
A vitória de José Antonio Kast representa mais do que uma alternância de poder. Para seus apoiadores, trata-se de uma rejeição clara ao projeto ideológico da esquerda e de um movimento em defesa da ordem, da liberdade econômica e da segurança.
O novo presidente assume com o desafio de responder às expectativas de uma população que pediu mudanças concretas — e com a missão de governar um país ainda dividido, mas decidido a virar a página.
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