Greve dos Correios: paralisação em 7 estados expõe fracasso do governo federal

Gestão indicada pelo Planalto ignora reivindicações, trava negociações e empurra trabalhadores para greve por tempo indeterminado

Por Ana Raquel|GNEWSUSA 

A deflagração de uma greve geral por tempo indeterminado nos Correios, iniciada na noite de terça-feira (16), revela muito mais do que um simples impasse trabalhista. O movimento, aprovado por sindicatos de importantes bases operacionais do país, escancara a crise de gestão enfrentada pela estatal sob a atual direção, incapaz de apresentar uma proposta minimamente aceitável aos trabalhadores.

A paralisação já atinge estados estratégicos como Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraíba, além de diversas regiões do interior paulista e do Paraná. Em São Paulo, a decisão de cruzar os braços foi tomada mesmo contra a orientação da cúpula sindical, evidenciando o grau de insatisfação da base.

Negociação travada e desgaste acumulado

O centro do conflito é a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), vencido desde julho. Desde então, o documento vem sendo prorrogado de forma emergencial, sem que a empresa conseguisse construir um consenso com os representantes dos funcionários.

Apesar de sucessivas rodadas de mediação conduzidas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), a proposta apresentada pela estatal — limitada à reposição inflacionária e sem o pagamento do benefício de fim de ano conhecido como “vale-peru” — foi considerada insuficiente. Para os sindicatos, não houve valorização real nem reconhecimento das perdas acumuladas.

Quem é o responsável pela crise

Sem rodeios: a responsabilidade recai sobre a atual direção dos Correios e, por consequência, sobre o governo federal, que nomeou e mantém a gestão à frente da empresa.

Os trabalhadores alegam, com razão, que não foram eles que causaram o rombo financeiro da estatal, resultado de decisões administrativas equivocadas, má condução estratégica e ausência de planejamento de longo prazo.

Ao tentar transferir o peso da crise para os funcionários — congelando benefícios e resistindo a reajustes —, a direção optou pelo confronto em vez da negociação, empurrando a empresa para uma paralisação nacional às vésperas do período mais sensível do ano para o setor.

Estado de greve se espalha pelo país

Além das bases que já paralisaram, outros 12 sindicatos permanecem em estado de greve, em unidades do Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Roraima, além de cidades como Juiz de Fora (MG), Santa Maria (RS) e Bauru (SP). O cenário indica que o movimento pode se ampliar nos próximos dias, caso não haja mudança concreta na postura da empresa.

Crise que poderia ter sido evitada

A greve não surgiu de forma repentina. Ela é o resultado direto de meses de empurrões, promessas vazias e ausência de liderança efetiva. Ao ignorar os alertas das bases e subestimar a capacidade de mobilização dos trabalhadores, a gestão atual dos Correios assume o protagonismo negativo de um conflito que poderia — e deveria — ter sido evitado.

Enquanto isso, quem paga a conta é a população, que enfrenta atrasos e incertezas nos serviços, e os próprios funcionários, obrigados a recorrer à greve como último instrumento de pressão diante de uma administração que se mostrou surda ao diálogo.

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