Vacina aprovada em 2024 só chegou ao SUS em dezembro de 2025; especialistas apontam que demora na compra contribuiu para milhares de hospitalizações e centenas de óbitos infantis
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O Brasil iniciou em dezembro de 2025 a vacinação de gestantes contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador da bronquiolite em bebês, em meio a um cenário de forte circulação viral, alta demanda por leitos pediátricos e mortes de crianças pequenas. Embora o imunizante tenha sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda em 2024, a distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ocorreu apenas no fim deste ano, levantando questionamentos de especialistas sobre o impacto da demora na proteção de recém-nascidos.
O Ministério da Saúde anunciou a compra de 1,8 milhão de doses da vacina contra o VSR, com aplicação gratuita pelo SUS em gestantes a partir da 28ª semana de gestação. O primeiro lote começou a ser distribuído aos estados no início de dezembro, marcando o início da estratégia nacional de imunização materna contra a bronquiolite.
A vacina tem como objetivo permitir a transferência de anticorpos da mãe para o bebê ainda durante a gestação, garantindo proteção nos primeiros meses de vida — período de maior risco para complicações respiratórias graves associadas ao VSR.
Impacto da doença em 2025
Dados da vigilância epidemiológica indicam que, ao longo de 2025, o Brasil registrou mais de 43 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados ao vírus sincicial respiratório, sendo cerca de 82% das hospitalizações em crianças menores de dois anos.
No mesmo período, mais de 31 mil crianças dessa faixa etária foram hospitalizadas por infecção causada pelo VSR, com predominância de casos em bebês menores de seis meses. Ao menos 236 crianças menores de dois anos morreram em decorrência de complicações associadas ao vírus, sendo a maioria dos óbitos registrada entre recém-nascidos e lactentes jovens — grupo mais vulnerável à bronquiolite.
Especialistas alertam que esses óbitos são, em grande parte, classificados nos sistemas oficiais como SRAG associada ao VSR, já que nem todos os registros utilizam a classificação isolada de bronquiolite.
Debate sobre o cronograma da vacinação
A aprovação da vacina em 2024 e a incorporação ao SUS apenas no fim de 2025 reacenderam o debate sobre o tempo de resposta do poder público diante do calendário epidemiológico da doença. Profissionais de saúde avaliam que a antecipação da compra e da aplicação poderia ter reduzido o número de internações e a pressão sobre hospitais pediátricos, especialmente nos meses de maior circulação do vírus.
O período de maior incidência do VSR no Brasil costuma se intensificar a partir de fevereiro, com pico entre abril e maio, quando unidades hospitalares registram aumento expressivo de internações de bebês por bronquiolite e pneumonias virais.
Expectativa com a vacinação
Segundo estimativas do Ministério da Saúde, a vacinação de gestantes pode evitar cerca de 28 mil internações por bronquiolite por ano, além de beneficiar aproximadamente dois milhões de recém-nascidos em todo o país.
A vacina é aplicada em dose única, a partir da 28ª semana de gestação, e pode ser administrada juntamente com outros imunizantes do calendário vacinal. Gestantes são orientadas a procurar a unidade básica de saúde mais próxima para se informar sobre a vacinação e manter a caderneta em dia.
A bronquiolite é uma infecção respiratória comum em crianças pequenas, mas pode evoluir para quadros graves, especialmente em recém-nascidos, prematuros e crianças com comorbidades. A imunização materna é considerada uma das principais estratégias para reduzir hospitalizações e mortes infantis associadas ao VSR nos próximos ciclos sazonais.
- Leia mais:
https://gnewsusa.com/2025/12/greve-dos-correios-trabalhadores-aprovam-paralisacao-em-7-estados/

Faça um comentário