Redução de vistos, controle de trabalhadores temporários e deportações mais rigorosas impactam demografia e reacendem debate econômico
Por Chico Gomes | GNEWSUSA
A população do Canadá apresentou queda no terceiro trimestre, registrando a primeira retração demográfica em mais de cinco décadas, segundo dados divulgados pela Statistics Canada. A redução de 0,2% levou o total populacional a 41,6 milhões, abaixo dos 41,65 milhões contabilizados no início de julho. Trata-se da maior queda desde 2020, período marcado pelas restrições de fronteira impostas durante a pandemia da Covid-19.
O recuo ocorre após o governo canadense iniciar uma revisão nas políticas migratórias, reduzindo de forma gradual o fluxo de residentes temporários após um período de crescimento acelerado. Nos últimos dois anos, as autoridades passaram a limitar vistos de estudo, restringir autorizações de trabalho para migrantes e intensificar deportações, em resposta a desequilíbrios no mercado de trabalho e à pressão crescente sobre serviços públicos e infraestrutura.
Entre 2023 e 2024, a coalizão liderada pelo então primeiro-ministro Justin Trudeau implementou medidas para conter o que classificou como imigração excessiva. Já o atual governo, sob a liderança do premiê Mark Carney, afirmou que pretende estabelecer maior controle sobre o cenário imigratório, alinhando a entrada de estrangeiros às necessidades econômicas e à capacidade de absorção do país.
Especialistas apontam efeitos mistos da desaceleração migratória. Embora a redução da imigração possa contribuir para o aumento do PIB per capita, também diminui o crescimento populacional, fator que pode limitar a expansão econômica no médio prazo. Analistas destacam que os impactos dependerão de políticas setoriais, do comércio internacional e das condições do mercado de crédito.
O movimento ocorre em um contexto de mudança na percepção pública sobre imigração. Pesquisas recentes indicam queda no apoio ao tema entre parte da população, com maior polarização entre eleitores de diferentes espectros políticos.
Além disso, estudos e avaliações oficiais apontam gargalos no sistema de reassentamento de refugiados, com prazos de análise que, em alguns casos, se estendem por anos, evidenciando desafios estruturais que seguem no centro do debate migratório canadense.
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