Escândalo do INSS envolve aliados centrais do governo Lula

Operação da Polícia Federal alcança senador governista, expõe conexões políticas no Planalto e amplia a crise do governo às vésperas de 2026

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

A mais recente fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (18), rompeu o perímetro técnico da investigação e passou a produzir efeitos diretos no núcleo político do governo Lula, ao atingir um dos principais articuladores do Planalto no Senado e reacender suspeitas que orbitam o entorno familiar do presidente.

Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça, a operação investiga um esquema bilionário de fraudes no INSS, baseado em descontos associativos não autorizados aplicados sobre aposentadorias e pensões. A apuração indica o uso de dados falsos, cadastros irregulares e acesso indevido a sistemas oficiais, além da atuação coordenada de operadores financeiros e intermediários políticos.

Senador da base entra no radar da investigação

Documentos da investigação indicam que o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo no Senado, figura como personagem central no eixo político do esquema investigado. Embora não tenha sido formalmente denunciado, o parlamentar é o único senador citado como alvo de diligências na decisão que autorizou buscas e apreensões.

Segundo a Polícia Federal, haveria um “núcleo político” responsável por oferecer sustentação institucional à organização criminosa liderada por Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”. A decisão judicial aponta que esse apoio ampliaria a capacidade de influência e proteção do grupo.

A PF chegou a solicitar a prisão preventiva do senador, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contrária ao pedido, alegando ausência de provas diretas que o vinculem, até o momento, à execução dos crimes ou ao recebimento de valores ilícitos.

Em nota, Weverton negou qualquer envolvimento e afirmou que não existem elementos que sustentem acusações contra seu mandato, ressaltando que não pode ser responsabilizado por atos de terceiros.

Repasses suspeitos reacendem desgaste no entorno presidencial

A operação também trouxe à tona movimentações financeiras consideradas suspeitas envolvendo a empresária Roberta Luchsinger, citada como amiga de Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente. De acordo com a decisão do STF, teriam sido realizados cinco repasses de R$ 300 mil pelo operador do esquema à empresa da empresária.

Embora nenhum dos dois seja formalmente investigado, o episódio voltou a gerar ruído político para o Planalto. A defesa de Lulinha sustenta que não há qualquer prova contra ele, enquanto a empresária afirma que jamais manteve relação com descontos indevidos do INSS.

Nos diálogos analisados pela Polícia Federal, há menções genéricas a um suposto destinatário dos valores, sem identificação objetiva. A decisão judicial não atribui os recursos ao filho do presidente, mas registra o contexto das mensagens como parte da apuração.

CPMI ganha fôlego e oposição vê desgaste contínuo

Para parlamentares da oposição, a nova fase da operação confirma a necessidade de aprofundar os trabalhos da CPMI do INSS, criada para investigar o esquema. O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que diversos alvos da operação já haviam sido citados nos requerimentos apresentados ao colegiado.

Segundo Gaspar, o avanço da PF desmonta tentativas de blindagem política e reforça que a comissão atua sobre indícios concretos de um esquema estruturado, que teria operado por anos dentro da Previdência Social.

Aliados do governo sob pressão

Além do senador, a operação alcançou quadros ligados ao PDT, partido que integra a base governista. Um secretário-executivo do Ministério da Previdência teve prisão domiciliar decretada e foi exonerado. Outros investigados incluem técnicos e operadores apontados como substitutos do principal articulador do esquema após o início das apurações.

Mandados de busca também foram cumpridos em endereços ligados a Weverton Rocha, em Brasília e no Maranhão, reforçando o impacto político da ofensiva judicial.

Articulação do Planalto entra em zona de risco

O avanço da investigação ocorre em um momento crítico para o governo. Weverton Rocha atua como ponte entre o Planalto e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e é relator de uma indicação estratégica ao STF, considerada prioridade por Lula.

Analistas avaliam que o desgaste do senador pode comprometer negociações legislativas, elevar o custo político de votações relevantes e fragilizar ainda mais a já instável base governista.

Crise institucional em ritmo de pré-campanha

Sem acusações formais até o momento, o caso avança principalmente no campo político e simbólico, onde os efeitos tendem a ser mais duradouros. Em um ano pré-eleitoral, o escândalo do INSS se consolida como passivo recorrente para o governo Lula, alimentando a narrativa da oposição e ampliando o clima de desconfiança sobre a condução da Previdência.

A Operação Sem Desconto, que começou como investigação administrativa, agora se impõe como fator de instabilidade institucional, com potencial de influenciar a dinâmica do Congresso, a agenda do STF e o debate público rumo a 2026.

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