Sigilo imposto por Toffoli, excesso de dados e decisões de bastidores atrasam acareação envolvendo Banco Central e BRB
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
O avanço das investigações sobre a liquidação do Banco Master sofreu novo atraso e reforçou críticas sobre a condução do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). A acareação considerada decisiva entre o fundador da instituição, Daniel Vorcaro, um diretor do Banco Central e o ex-presidente do BRB foi adiada e, agora, deve ocorrer apenas em 2026. O principal argumento apresentado para o adiamento é o grande volume de mensagens, conversas e registros encontrados no celular de Vorcaro durante a Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal em setembro de 2025. Segundo investigadores, a quantidade de dados exige análise minuciosa, o que inviabilizaria um confronto imediato entre os envolvidos.
Com isso, a estratégia definida foi ouvir cada um separadamente nesta fase. As oitivas ficarão sob responsabilidade da delegada da Polícia Federal Janaína Palazzo, que conduzirá os depoimentos individuais antes de qualquer tentativa de confronto direto entre as versões apresentadas.
Inicialmente, a intenção do ministro Dias Toffoli era acelerar o processo. O plano previa depoimentos individuais seguidos de uma acareação ainda neste fim de ano, com o objetivo de esclarecer rapidamente as responsabilidades relacionadas à liquidação extrajudicial do Banco Master. No entanto, após ponderações da Polícia Federal, o ministro concordou em postergar o procedimento.
Os depoimentos devem abordar pontos centrais do processo que levou o Banco Central a decretar a liquidação da instituição. Um dos aspectos já identificados pela investigação é a ausência de documentos relevantes assinados diretamente por Daniel Vorcaro em seu aparelho celular. De acordo com a apuração, atos formais teriam sido assinados por prepostos, o que levanta questionamentos sobre a cadeia de comando, responsabilidades legais e eventuais blindagens administrativas.
O caso tramita sob forte sigilo, imposto por decisão de Dias Toffoli, que concentrou toda a documentação no STF. A investigação busca apurar responsabilidades envolvendo o fundador do banco, o órgão regulador e dirigentes de uma instituição financeira estatal, o BRB, que chegou a negociar a compra do Master antes da intervenção.
Segundo o Banco Central, haveria cerca de R$ 12 bilhões em créditos sem lastro no balanço do Banco Master, informação que é contestada pela defesa da instituição. A acareação foi determinada por iniciativa do próprio ministro do Supremo, e não a partir de pedido da Polícia Federal, o que aumenta o peso político e institucional do caso.
O adiamento do confronto direto e a manutenção do sigilo ampliam críticas sobre a falta de transparência em investigações que envolvem o sistema financeiro, bancos públicos e autoridades reguladoras. Para setores mais conservadores, o caso do Banco Master expõe um modelo de apuração concentrado no STF, marcado por lentidão, decisões pouco claras e dificuldades para responsabilizar agentes públicos e privados.
Com a acareação empurrada para 2026, o caso segue sem respostas definitivas, enquanto dúvidas sobre a atuação do Banco Central, do BRB e do próprio Supremo permanecem sem esclarecimento público.
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