Nova regra reduz ganhos reais e agrava perda do poder de compra da população mais vulnerável.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA
O governo federal, liderado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propôs uma nova metodologia para o reajuste do salário mínimo, reduzindo os aumentos reais em nome do controle fiscal. Pela proposta, o crescimento do salário mínimo seria limitado a 2,5% acima da inflação, restringindo os ganhos dos trabalhadores em comparação ao modelo atual, que também considera o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Com o salário mínimo atualmente fixado em R$ 1.412, a aplicação da nova regra resultaria em um valor estimado de R$ 1.515 em 2025, com aumento real menor do que o possível sob as normas vigentes. Essa proposta, ainda sujeita à aprovação no Congresso Nacional, já gerou polêmica e levantou questionamentos sobre as prioridades do governo Lula, que opta por penalizar o bolso dos trabalhadores.
A justificativa apresentada pelo governo é o controle dos gastos públicos, especialmente com benefícios vinculados ao salário mínimo, como aposentadorias e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). No entanto, críticos apontam que a medida tem como principal efeito reduzir o poder de compra da população mais vulnerável, agravando a desigualdade social e comprometendo o crescimento econômico.
A regra vigente, que considera a inflação pelo INPC e o crescimento do PIB de dois anos anteriores, permitia um reajuste mais justo e alinhado ao desempenho econômico. Para 2025, por exemplo, a inflação projetada é de 4,66%, e o PIB de 2023 cresceu 2,9%. Esses índices garantiriam um aumento maior do que o previsto pela proposta de Haddad.
Um governo de contradições
O governo Lula, eleito com a promessa de fortalecer políticas sociais, enfrenta críticas por decisões que contradizem esse compromisso. Apesar de alegar preocupação com a dívida pública criada durante sua gestão, o governo segue ampliando programas que agradam sua base eleitoral, enquanto sacrifica medidas que poderiam beneficiar a maioria da população.
Além disso, a proposta revela a dificuldade da gestão Haddad em equilibrar responsabilidade fiscal e justiça social. Reduzir os ganhos reais dos trabalhadores não resolve o problema estrutural das contas públicas, mas afeta diretamente a economia doméstica e limita o consumo, prejudicando o crescimento do país.
Debate no Congresso será decisivo
A proposta enfrenta resistência no Congresso, onde a oposição aponta os riscos sociais da medida. A discussão promete ser acirrada, envolvendo o desafio de encontrar um equilíbrio entre ajuste fiscal e proteção dos trabalhadores.
Enquanto isso, milhões de brasileiros aguardam a decisão sobre um tema que afeta diretamente suas vidas. Para muitos, o salário mínimo é mais do que um indicador econômico – é o limite entre a dignidade.
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