
Presidente venezuelano promove discurso para fortalecer aliança ideológica com Lula, enquanto acusações contra Bolsonaro carecem de evidências concretas.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, voltou a chamar atenção ao fazer elogios públicos ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e disparar ataques contra Jair Bolsonaro. Durante uma transmissão oficial na última segunda-feira (2/12), Maduro se referiu a Lula como um “grande homem” e pediu aos brasileiros que protejam o líder petista. Ao mesmo tempo, acusou Bolsonaro de conspirar contra a Venezuela, sem apresentar qualquer evidência para sustentar a acusação.
“Eu entendo perfeitamente essa notícia vinda do Brasil. Porque nós aqui somos vítimas disso [plano de assassinato]. E peço ao povo do Brasil que cuide de seu presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é um grande homem. Em toda a sua vida, o que ele tez foi lutar pelo Brasil de forma pacífica, política e eleitoral”.
Maduro e Lula: uma parceria ideológica
O discurso de Maduro teve como foco reforçar a suposta afinidade entre ele e Lula. Para o venezuelano, ambos enfrentam uma “resistência orquestrada” de líderes opositores, incluindo Bolsonaro. Segundo Maduro, sua trajetória política e a de Lula são marcadas por desafios semelhantes, como tentativas de desestabilização e conspiradores internos. Embora o presidente venezuelano tenha feito essas declarações, ele não apresentou provas concretas sobre as alegadas 14 tentativas de assassinato contra ele apenas em 2024.
Sem fornecer detalhes ou evidências, Maduro acusou Jair Bolsonaro de liderar supostos planos contra a Venezuela.“Somos vítimas de gente como (Jair) Bolsonaro” declarou comparando sua trajetória com a de Lula.
A narrativa parece mais uma tentativa de fortalecer a relação com Lula e justificar seus próprios fracassos internos, ao culpar inimigos externos e figuras opositoras.
Relações Brasil-Venezuela: uma reaproximação polêmica
Desde a posse de Maduro, as relações entre Brasil e Venezuela ganharam nova força. O presidente brasileiro evitou críticas ao regime venezuelano, mesmo diante de denúncias de fraudes eleitorais e repressão à oposição no país vizinho. Recentemente, Maduro elogiou Lula por sua posição de respeito à soberania venezuelana, em contraste com as pressões internacionais por mais transparência democrática.
Por outro lado, Jair Bolsonaro manteve uma posição firme contra Maduro, destacando os impactos negativos do regime venezuelano sobre a estabilidade regional, como a crise humanitária e o aumento da migração em massa.
“Vejo com tristeza essa aproximação com ditaduras. O atual governo não tem nenhum apreço pela democracia, fazendo isso. Essas pessoas [Nicolás Maduro] representam o que o Lula quer para o Brasil: povo sem liberdade (…) O que existe na Venezuela é uma ditadura silenciosa”.
Oportunismo político de Maduro
As declarações de Maduro parecem mais voltadas para fortalecer sua base interna e consolidar uma aliança ideológica com Lula do que apresentar soluções para os problemas da Venezuela. Sua retórica contra Bolsonaro busca desviar a atenção das crises econômicas e sociais de seu país, enquanto tenta blindar Lula de críticas e posicioná-lo como aliado estratégico na América Latina.
A postura de Maduro demonstra que ele busca aliados que tolerem suas práticas autoritárias, ignorando os impactos negativos de sua gestão. A relação entre Lula e Maduro levanta questionamentos sobre os rumos da política externa brasileira e a ética por trás de alianças com regimes que desrespeitam os direitos humanos.
Com o apoio de Lula, Maduro pode ganhar mais espaço político na região, mas a aproximação com regimes autoritários representa um risco significativo para a imagem do Brasil. Jair Bolsonaro, ao resistir às investidas de Maduro, manteve uma postura que priorizava os valores democráticos e o fortalecimento da estabilidade regional.
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