
A decisão do prefeito Eric Adams enfrenta oposição de legisladores e moradores preocupados com segurança e infraestrutura local.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
A cidade de Nova York anunciou a abertura de um novo abrigo com capacidade para 2.200 migrantes no South Bronx, mas a decisão do prefeito Eric Adams gerou uma onda de críticas, especialmente do congressista democrata Ritchie Torres. Ele acusou o governo municipal de tratar o Bronx como um “depósito de lixo” para imigrantes, destacando preocupações com o impacto dessa iniciativa na região.
Redução de abrigos e crise migratória
O anúncio ocorre em um momento de transição, com o fechamento planejado de 46 abrigos para migrantes em várias partes da cidade e a redução de 10 mil leitos até junho. O gabinete de Adams defende que as medidas fazem parte de um esforço para conter os custos da crise humanitária e administrar melhor os recursos da cidade. “Graças às estratégias bem-sucedidas de gestão de requerentes de asilo da administração e às mudanças na política de fronteira federal defendidas pela cidade, isso continuou a reduzir o número de pessoas sob os cuidados da cidade por 27 semanas consecutivas e a reduzir os custos em quase US$ 2,8 bilhões ao longo de três anos fiscais”, afirmou o gabinete do prefeito.
Apesar disso, os moradores locais expressaram insatisfação com a nova instalação, especialmente devido à sua localização: um prédio de escritórios reformado em 2017, próximo a uma área conhecida como “The Hub”, caracterizada por altos índices de uso de drogas e atividades ilícitas.
Custos e controvérsias
A reforma do prédio, de 275 mil pés quadrados, custará à cidade entre US$ 250 mil e US$ 340 mil, levantando preocupações sobre o uso de recursos públicos. Liz Garcia, porta-voz do prefeito, explicou que o abrigo no Bronx será temporário, mas não forneceu um prazo para seu fechamento: “Não temos um cronograma específico de quando ele fechará. É um contrato de locação, então não será para sempre.”
Ela destacou ainda que o sistema de abrigos nunca foi planejado como solução permanente para a crise migratória e que as ações atuais buscam aliviar áreas já sobrecarregadas.
Críticas da comunidade
A reação negativa à decisão de Adams não se limitou ao congressista Torres. Moradores do Bronx também demonstraram preocupações sobre a segurança e o impacto social do abrigo. Serene Bilal, residente local de 21 anos, comentou: “Movimento errado! Você precisa trabalhar com as pessoas que já estão aqui. Temos problemas acontecendo. Por que o Bronx? Por que pegar no pé do Bronx?”
Ela acrescentou: “Vai ser perigoso. Não sabemos quem são essas pessoas. Não estamos falando de 10 pessoas. Estamos falando de milhares. Isso é muita coisa.”
Debate político
Torres, que pode estar considerando uma candidatura ao governo do estado, criticou duramente a administração municipal. “Em vez de desmantelar decisivamente os mercados de drogas ao ar livre no Hub, a cidade está tratando o South Bronx como um depósito de lixo para um fluxo interminável de abrigos”, afirmou ele.
Ele também ressaltou a desigualdade no tratamento do Bronx em comparação a outros bairros de Nova York: “Somos tratados como o bairro de segunda classe da cidade de Nova York.”
Apesar das críticas, Garcia enfatizou que a cidade está trabalhando para equilibrar as necessidades dos migrantes com os interesses da população local. “Estamos realmente olhando para isso de uma lente holística. O quadro geral aqui é que estamos fechando 46 locais para migrantes, estamos reduzindo nossa contagem de leitos em 10.000 leitos em toda a cidade, não apenas no Bronx.”
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