Pacientes perdem a visão após mutirão de cirurgias de catarata em SP

Falhas na esterilização de instrumentos podem ter causado complicações irreversíveis.

Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Um mutirão de cirurgias de catarata realizado no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Taquaritinga (SP) resultou na perda parcial ou total da visão de pelo menos 12 pacientes, segundo informações da Organização Social de Saúde (OSS) Grupo Santa Casa de Franca, responsável pela gestão da unidade.

O mutirão aconteceu em 21 de outubro de 2024, e as investigações apontam para falhas no protocolo de esterilização de instrumentos cirúrgicos como possível causa das complicações. Como consequência, a Vigilância Sanitária estadual interditou a sala de materiais e esterilização do AME, e os profissionais envolvidos foram afastados de suas funções.

Atendimento e investigações

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo ainda não divulgou um posicionamento oficial sobre o caso, mas os pacientes afetados foram encaminhados para acompanhamento médico especializado em Araraquara e Ribeirão Preto. Além disso, a OSS afirmou que está fornecendo medicamentos e suporte necessário para os pacientes, que foram incluídos na fila de espera para transplante de córnea.

O episódio reacende um alerta sobre os riscos de complicações em mutirões de cirurgias oftalmológicas, que muitas vezes são realizados para desafogar filas do Sistema Único de Saúde (SUS), mas podem apresentar falhas nos protocolos de segurança. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), entre 2009 e 2024, pelo menos 276 pessoas no Brasil perderam a visão devido a complicações em mutirões semelhantes.

Medidas e consequências

A administração municipal de Taquaritinga afirmou que, apesar de não ser responsável direta pela gestão do AME, está disposta a tomar medidas para auxiliar os pacientes atingidos. Já o Grupo Santa Casa de Franca declarou que está reforçando os protocolos de segurança para evitar novos incidentes.

Especialistas recomendam que, após cirurgias oftalmológicas, os pacientes sigam rigorosamente as orientações médicas para reduzir riscos de infecção e complicações, incluindo o uso correto de colírios antibióticos e a proteção dos olhos contra poeira e luz intensa.

As investigações continuam para esclarecer responsabilidades e determinar possíveis punições aos envolvidos no caso.