
Dados de mais de 51 mil pacientes mostram que, após dois anos, a cirurgia leva a uma perda média de 24% do peso corporal, contra 4,7% com uso de medicamentos.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Um novo estudo realizado pelo NYU Langone Health, nos Estados Unidos, revelou que a cirurgia bariátrica supera de forma significativa os medicamentos para emagrecimento, como Ozempic (semaglutida), Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida), na redução de peso a longo prazo.
Os resultados foram apresentados em 17 de junho de 2025, durante a Reunião Científica Anual da Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (ASMBS). A pesquisa analisou os dados de aproximadamente 51 mil pacientes atendidos nos sistemas de saúde NYU Langone Health e NYC Health + Hospitals, em Nova York, entre os anos de 2018 e 2024.
Os números da perda de peso:
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Cirurgia bariátrica: média de 24% de redução do peso corporal (cerca de 25 kg) após dois anos.
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Medicamentos GLP-1 (Ozempic, Wegovy, Mounjaro, Zepbound): média de 4,7% de redução do peso corporal (cerca de 5,4 kg) após pelo menos seis meses de uso.
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Após um ano de uso dos remédios, a perda chega a no máximo 7%.
Mundo real x estudos clínicos:
A principal autora do estudo, Avery Brown, alerta que embora ensaios clínicos indiquem que os GLP-1s podem promover perda de peso entre 15% e 21%, os dados do mundo real mostram uma eficácia bem menor.
“Sabemos que até 70% dos pacientes abandonam o uso dos medicamentos em até um ano, o que compromete os resultados”, destaca a pesquisadora.
Sobre a cirurgia bariátrica:
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Reduz o volume do estômago de até 1,5 litro para 25 a 200 ml.
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Proporciona saciedade rápida e menor ingestão de alimentos.
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É indicada para casos de obesidade grave ou obesidade com comorbidades.
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Principais técnicas: bypass gástrico, gastrectomia vertical (sleeve), banda gástrica, derivação biliopancreática e gastroplastia endoscópica.
Obesidade é epidemia global
O estudo vem em um contexto alarmante: a obesidade já afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo levantamento publicado pela revista científica The Lancet em 2025.
O cirurgião César Wakoff, da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, ressalta que as complicações da obesidade são graves:
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Doenças cardiovasculares
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Risco de trombose e AVC
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Depressão e baixa qualidade de vida
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Dificuldades físicas e limitações funcionais
“O ideal é adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, atividade física, sono adequado e controle do estresse”, aconselha o médico.
Conclusão dos pesquisadores:
Apesar da eficácia comprovada dos medicamentos GLP-1 na perda de peso e no controle de diabetes tipo 2, os dados sugerem que, para quem busca uma redução de perda de peso mais significativa e duradoura, a cirurgia bariátrica ainda é a intervenção mais eficaz.
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