Brasil lança manual inédito para enfrentar contaminação por mercúrio na saúde dos povos indígenas

Atendimento dos profissionais de saúde da Casa de Apoio ao Indígena (CASAI) nas Terras Indígenas Yanomami - Foto: Divulgação, Ministério da Saúde
Documento orienta profissionais sobre identificação, monitoramento e atendimento de casos de intoxicação em territórios indígenas afetados pela mineração ilegal.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), lançou oficialmente, nesta terça-feira (18/06/2025), o Manual Técnico de Atendimento a Indígenas Expostos ao Mercúrio, primeiro documento oficial do Brasil voltado exclusivamente para o enfrentamento dos efeitos da contaminação por mercúrio nas populações indígenas.

Fruto de dois anos de construção conjunta com pesquisadores, universidades, órgãos federais e lideranças indígenas, o manual estabelece, pela primeira vez, diretrizes clínicas, operacionais e assistenciais específicas para os profissionais que atuam diretamente nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).

 “Os povos indígenas são os mais impactados pela presença do mercúrio e do garimpo ilegal nos territórios. Este manual é mais uma resposta do Estado brasileiro a essa ameaça silenciosa”, afirmou Weibe Tapeba, secretário da Sesai.

Impactos da contaminação por mercúrio

A exposição ao mercúrio — intensificada principalmente pela atividade do garimpo ilegal — provoca uma série de danos à saúde, incluindo:

  • Alterações neurológicas e cognitivas

  • Prejuízo no neurodesenvolvimento infantil

  • Riscos severos para gestantes e bebês

  • Danos reprodutivos e genéticos

O mercúrio, altamente tóxico, se acumula no organismo, afetando principalmente populações que dependem da pesca como base alimentar.

O que traz o manual:

  • Identificação de casos suspeitos e confirmados

  • Notificação obrigatória nos sistemas de vigilância em saúde

  • Direcionamento para exames e acompanhamento clínico

  • Encaminhamento para serviços de referência especializados

  • Diretrizes específicas para gestantes, crianças e populações vulneráveis

  • Protocolos para comunicação dos riscos e resultados para as comunidades indígenas

Produção colaborativa:

O documento foi elaborado com a participação de diversas instituições, incluindo:

  • Fiocruz

  • USP, Unicamp, UFPA e UFPel

  • Ministério dos Povos Indígenas (MPI)

  • Secretaria de Estado de Saúde do Pará (SESPA)

  • Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)

Formação e distribuição:

  • Mil exemplares impressos e versão digital acessível.

  •  Materiais serão traduzidos para línguas indígenas, como Yanomami e Munduruku.

  •  Já foram realizadas capacitações com carga de 40 horas nos DSEIs Yanomami, Rio Tapajós, Amapá e Norte do Pará.

  •  Novas formações estão previstas até o fim de 2025.

Avanço na política de saúde indígena

Este manual faz parte das ações da proposta de uma nova Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, que visa o fortalecimento do cuidado integral, com respeito à cultura, aos saberes tradicionais e às especificidades dos povos originários.

A medida responde diretamente às demandas urgentes trazidas pela crise sanitária vivida por comunidades afetadas pela mineração ilegal, especialmente nas terras Yanomami e na região do Rio Tapajós, onde casos de contaminação severa por mercúrio foram amplamente denunciados nos últimos anos.

 “Este manual não é só um protocolo de saúde, mas um instrumento de defesa dos direitos e da vida dos povos indígenas brasileiros”, afirmou Weibe Tapeba.

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