Especialistas apontam limites para o conflito se expandir, mesmo com ameaças e movimentação militar de grandes potências.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
A recente troca de ataques entre Israel e Irã reacendeu alertas no Oriente Médio e tirou o sono de governos ocidentais. O episódio, iniciado com bombardeios israelenses contra pontos estratégicos no território iraniano, teve rápida resposta de Teerã, que disparou mísseis sobre cidades israelenses. Desde então, a atenção internacional se voltou para os riscos de o confronto transbordar para algo muito maior.
Washington endureceu o tom logo nos primeiros dias. O presidente Donald Trump deixou claro que “todas as opções dos EUA estão sobre a mesa, incluindo um possível ataque” e, sem rodeios, declarou: “Pode ser que eu faça”. Para garantir a prontidão, o Pentágono intensificou a presença militar na região e iniciou a retirada de diplomatas de áreas consideradas vulneráveis.
Enquanto isso, o Irã respondeu na mesma moeda, ameaçando com “danos irreparáveis” se houver envolvimento direto dos americanos. Bases de tropas dos EUA e de aliados europeus passaram a ser alvos potenciais, o que elevou o grau de alerta das forças ocidentais espalhadas pelo Oriente Médio.
Os países do G7 se reuniram no Canadá e manifestaram apoio ao direito de defesa de Israel, além de classificarem o Irã como desestabilizador da região. Ainda assim, apelaram pela busca de diálogo para conter novas investidas. A Alemanha, através do chanceler Friedrich Merz, resumiu a posição europeia: “Israel está fazendo o trabalho sujo pelo Ocidente”. França e Reino Unido também reforçaram solidariedade a Tel Aviv, mas demonstraram receio de ataques iranianos contra suas instalações militares no Golfo.
Do lado contrário, China e Rússia intensificaram críticas a Washington, reprovando qualquer intervenção direta. Autoridades russas alertaram que o envio de tropas ou armamentos dos EUA poderia resultar em “consequências irreparáveis” à ordem internacional. Pequim, por sua vez, pediu moderação, acusou os americanos de “adicionar combustível ao fogo” e começou a retirar cidadãos de zonas de risco no Irã.
Mesmo em meio a tantas ameaças, a visão de especialistas é que o temor de uma guerra mundial não encontra respaldo sólido na realidade. Frederico Dias, professor do Ibmec em Brasília, pontua que o cenário atual é desfavorável a um confronto direto entre as grandes potências. “Conflito direto entre Estados Unidos, Rússia ou China não é uma possibilidade real no cenário atual”, afirmou. Na avaliação dele, Moscou e Pequim podem continuar a oferecer apoio indireto a Teerã, mas não assumiriam o risco de uma ofensiva militar aberta.
Igor Lucena, economista e especialista em relações internacionais, complementa que o regime iraniano conta com respaldo diplomático, mas não com defesa militar ativa. “China e Rússia historicamente apoiam o Irã em fóruns multilaterais, mas não demonstram interesse em intervir militarmente agora”, analisou.
Os dois reforçam que ações pontuais do Irã contra bases dos EUA ou o bloqueio do Estreito de Ormuz poderiam acender o pavio para uma resposta americana. “O fechamento do Estreito de Ormuz ou ataques a interesses americanos podem ser o estopim para uma intervenção”, observa Dias. Ainda assim, Lucena pondera que qualquer contra-ataque dos EUA deve se restringir ao território iraniano, sem envolver outros países na linha de frente.
No que diz respeito ao arsenal nuclear, o consenso é de que o risco existe, mas é mínimo. A falta de ogivas prontas do lado iraniano e o poder de dissuasão israelense funcionam como travas adicionais a um cenário extremo.
Por enquanto, o mercado internacional também aposta na contenção. Lucena resume: “Israel controla a situação militarmente, e o Irã sofre forte pressão interna”. Assim, a escalada é séria, mas a probabilidade de um conflito global permanece controlada — ao menos por ora.
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