
Investigação do Ministério Público apura suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo postos de combustíveis e rede de ‘laranjas’
Por Ana Raquel|GNEWSUSA
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagrou nesta quinta-feira (25) a Operação Spare, que mira o ex contador João Muniz Leite, profissional que trabalhou para empresas de Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A ação tem como objetivo esclarecer um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo postos de combustíveis vinculados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Agentes cumpriram mandados de busca na residência e no escritório de Muniz Leite, localizado em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. O escritório funciona no mesmo prédio onde operavam empresas de Fábio Luís, como BR4 Participações e G4 Entretenimento.
Segundo o MPSP, o contador teria elaborado declarações de Imposto de Renda para Flávio Silvério Siqueira, o Flavinho, apontado como articulador de uma rede de ‘laranjas’ atuante em diversos setores econômicos, incluindo postos de combustíveis e empreendimentos imobiliários. O órgão afirmou que os documentos coletados indicam a participação ativa de Muniz Leite nas estratégias do esquema investigado.
Nota da defesa
Por meio de seus advogados, Jorge e Marcelo Delmanto, Muniz Leite afirmou que:
“Desde 2020 não há qualquer vínculo comercial entre nosso cliente e os investigados. A investigação não recai sobre ele, apesar de, por análise de datas, haver sido afetado.”
Os representantes legais ressaltaram que o escritório de contabilidade do qual Muniz Leite é sócio não mantém qualquer relação comercial com os investigados desde 2020, e que as buscas não encontraram vínculo recente com o escritório.
Relação com a família Lula
O contador prestou serviços diretamente a Lula, sendo responsável pelas declarações de Imposto de Renda do presidente entre 2013 e 2016. Durante a Lava Jato, Muniz Leite chegou a ser ouvido como testemunha no caso do triplex do Guarujá.
O MPSP também investiga o vínculo do contador com Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, ex-líder do PCC, falecido em dezembro de 2021. Em depoimento, Muniz Leite afirmou que o contato ocorreu por intermédio de Vinícius Gritzbach, posteriormente delator da facção, e alegou desconhecimento sobre atividades criminosas do grupo.
Livro “O Chefe”
O jornalista Ivo Patarra publicou o polêmico livro “O Chefe”, que compila investigações, relatórios e apurações jornalísticas sobre o PT e o governo Lula. Entre os trechos mais impactantes, Patarra afirma:
Segundo o autor do livro, “Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos.”
O livro também detalha, segundo o autor, a nomeação do filósofo Roberto Mangabeira Unger como ministro, mesmo após este publicar críticas severas ao presidente, evidenciando escolhas políticas complexas durante a gestão Lula.
Próximos passos da investigação
A Operação Spare segue em andamento, com a coleta de documentos contábeis e informações financeiras. Até o momento, não há indiciamento formal de Lula ou de seu filho Fábio Luís. O MPSP reforça que a investigação será conduzida dentro da lei, preservando os direitos de todos os envolvidos.
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