
Advogado critica depoimento do ex-ajudante de ordens e levanta sérias dúvidas sobre coerência e veracidade das acusações contra o ex-presidente.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
A atuação da defesa de Jair Bolsonaro ganhou destaque após as declarações do advogado Celso Vilardi, que classificou o depoimento de Mauro Cid como incoerente e repleto de falhas que colocam em xeque a credibilidade do material usado na investigação conduzida pelo STF. Cid, que foi ajudante de ordens da Presidência, prestou delação premiada no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Em uma análise contundente, Vilardi destacou que o delator apresenta lacunas convenientes de memória e omissões que favorecem uma narrativa alinhada ao que interessa à acusação. “Assim é fácil depor. Não lembra. Essa parte não lembra. A memória dele é seletiva para algumas coisas e para outras não lembra”, declarou o advogado, denunciando o que considera um uso estratégico do esquecimento.
O conteúdo da colaboração, que passou a ser peça central da investigação, é visto pela defesa como frágil e contraditório. Vilardi apontou que partes do relato de Cid não encontram respaldo nas provas já anexadas ao processo. “Ele só lembra o que quer lembrar. Quando algo compromete, ele simplesmente esquece. Tem várias contradições. É um depoimento típico de quem está mentindo”, afirmou.
Ao abordar detalhes citados por Cid, a defesa identificou informações sem confirmação e trechos desconexos com os fatos. Há, por exemplo, a menção a reuniões que não ocorreram e documentos que, segundo o próprio Cid, existiriam, mas não foram apresentados até o momento. “Ele fala que participou de uma reunião no salão de festas, mas essa reunião não existiu. Diz que recebeu um pedido de rascunho de texto dois dias antes, mas não apresenta o conteúdo. Tem muita coisa que não fecha”, questionou Vilardi.
A acusação de que haveria grupos organizados agindo sob comando do então presidente também foi rebatida com veemência. Para o advogado, o próprio depoente não consegue sustentar a existência desses supostos núcleos de articulação. “Ele mesmo diz que o presidente falou que faria tudo dentro das quatro linhas. E onde estão esses tais grupos? Isso precisa ser esclarecido, porque até agora não há nenhuma evidência robusta”, completou.
Jair Bolsonaro, que acompanhou a audiência ao lado de outros acusados, está entre os réus que ainda prestarão depoimento. Ele será ouvido conforme a ordem alfabética dos convocados, reforçando o compromisso de sua defesa com o esclarecimento dos fatos e a disposição para cooperar com a Justiça.
A sessão também contou com o depoimento do delegado e deputado federal Alexandre Ramagem, e os trabalhos continuarão com os interrogatórios de figuras importantes da gestão anterior. Ainda que as acusações tenham ganhado grande repercussão, a sustentação jurídica das mesmas permanece sob intenso questionamento, principalmente diante das inconsistências apontadas pela defesa do ex-presidente.
Leia mais
Trump alerta: pode recorrer à Lei da Insurreição se desordem em Los Angeles continuar
Faça um comentário