
Atendentes, agentes de bilheteria e seguranças se recusaram a trabalhar, denunciando superlotação e condições laborais “insustentáveis”.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
O Museu do Louvre, em Paris, fechou as portas de forma inesperada nesta segunda-feira (16), após uma greve deflagrada por funcionários durante uma reunião interna. Atendentes, bilheteiros e seguranças se recusaram a trabalhar, denunciando superlotação crônica, falta de pessoal e condições de trabalho consideradas insustentáveis.
A paralisação pegou de surpresa milhares de visitantes, que aguardavam do lado de fora da icônica pirâmide de vidro do museu, principal símbolo da instituição. A greve ocorre em meio a um crescente movimento europeu contra os impactos do turismo de massa, com manifestações recentes em cidades como Veneza, Lisboa, Mallorca e Barcelona — onde turistas chegaram a ser alvos de pistolas de água em protesto contra a superlotação.
Com 8,7 milhões de visitantes registrados em 2023, o Louvre opera hoje muito além de sua capacidade projetada, tornando-se um dos símbolos do colapso desse modelo de turismo.
Apesar do anúncio de um ambicioso plano de reforma pelo presidente Emmanuel Macron — com investimentos estimados entre 700 e 800 milhões de euros até 2031 —, os trabalhadores afirmam que as melhorias ainda estão distantes da realidade cotidiana. Eles também denunciam o corte de mais de 20% nos subsídios estatais ao museu ao longo da última década.
Entre as medidas previstas estão a criação de uma nova entrada próxima ao rio Sena e uma sala exclusiva para a Mona Lisa com controle de acesso por horário, a fim de desafogar a atual estrutura. No entanto, segundo um memorando interno, o edifício enfrenta problemas urgentes, como infiltrações, variações de temperatura que colocam obras em risco e carência de serviços básicos, como banheiros e sinalização adequadas.
“Não podemos esperar seis anos por ajuda. Não se trata apenas da arte — trata-se das pessoas que a protegem”, declarou Sarah Sefian, atendente de galeria e agente de atendimento ao público.
O Louvre já foi fechado antes em momentos críticos — como guerras, pandemias e greves anteriores —, mas raramente de forma tão abrupta. A atual presidente do museu, Laurence des Cars, classificou a situação como “um suplício físico” tanto para visitantes quanto para funcionários.
A greve deve continuar pelo menos até terça-feira (17), com possibilidade de uma reabertura parcial na quarta-feira (18), por meio de uma “rota das obras-primas”, que permitiria o acesso limitado a peças icônicas como a Mona Lisa e a Vênus de Milo.
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