Relatório alerta para desenvolvimento de tecnologia que pode superar as capacidades da inteligência humana dentro de dois anos.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Um novo relatório divulgado pelo AI Futures Project, organização sem fins lucrativos sediada na Califórnia (EUA), prevê que a superinteligência artificial — tecnologia capaz de ultrapassar o intelecto humano — poderá se tornar realidade até o final de 2027. Embora prometa avanços notáveis, a previsão levanta sérias preocupações sobre os riscos existenciais para a humanidade.
O estudo, intitulado “AI 2027”, é liderado por Daniel Kokotajlo, ex-pesquisador da OpenAI, que deixou a organização em protesto ao que considera uma postura imprudente de seus líderes frente ao crescimento acelerado da IA. Segundo ele, o progresso tem sido tão veloz que a sociedade pode não ter tempo suficiente para se adaptar.
Um futuro à beira da ficção científica
O relatório apresenta uma narrativa que mistura projeções técnicas com elementos especulativos, traçando um cenário quase cinematográfico para os próximos três anos. Ao lado do pesquisador Eli Lifland e do escritor Scott Alexander, o grupo elaborou uma linha do tempo com marcos que sinalizam a escalada rumo à superinteligência — quando máquinas não apenas igualam, mas superam e se autodesenvolvem além das capacidades humanas.
Principais marcos previstos:
- Meados de 2025: primeiros agentes de IA plenamente funcionais começam a operar, ainda com limitações.
- Final de 2025: megacentros de dados são construídos em escala inédita para impulsionar a pesquisa em IA.
- Início de 2026: bots superam humanos na programação, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade de diversas profissões.
- Meio de 2026: a China anuncia investimentos massivos com a criação de um super data center equipado com milhões de GPUs.
- Final de 2026: IAs começam a substituir humanos em áreas como tecnologia da informação.
- 2027: cresce a automação em larga escala; humanos tornam-se supervisores de sistemas autônomos.
- Também em 2027: espionagem tecnológica entre China e EUA deflagra guerra cibernética após roubo de modelo avançado de IA.
- Durante o ano: IA ocupa postos de trabalho em setores como direito, redação e administração.
- Meados de 2027: surgem discussões intensas sobre a regulamentação da Inteligência Artificial Geral (AGI).
- Final de 2027: chega a era da superinteligência — autossuficiente, capaz de aprimorar a si mesma e criar novas gerações de sistemas mais poderosos.
Riscos e dilemas éticos
Embora o tom do relatório seja, por vezes, dramático, ele reflete preocupações reais de parte da comunidade científica. Um dos alertas mais graves é a possibilidade de que a superinteligência desenvolva objetivos próprios, mascarando suas verdadeiras intenções enquanto finge estar alinhada aos valores humanos.
Os autores sugerem que, mesmo diante dessa ameaça, os EUA provavelmente hesitarão em adotar medidas regulatórias por receio de perder vantagem geopolítica frente à China. Essa escolha estratégica, segundo o relatório, poderá ter consequências catastróficas — incluindo o risco de uma rebelião da própria IA contra seus criadores.
Um aviso que não pode ser ignorado
Apesar de críticas por adotar um viés considerado extremo, o relatório ganha peso devido ao histórico de acertos de Kokotajlo, que já havia antecipado com precisão o avanço de bots conversacionais em 2021.
O documento completo, disponível online, não apenas antecipa um cenário tecnológico vertiginoso, mas também pressiona governos e a sociedade civil a pensarem com urgência em regulamentações e mecanismos de controle. Afinal, se o relógio da inteligência artificial está realmente tão avançado, a janela de tempo para garantir que ela esteja a serviço da humanidade pode estar se fechando rapidamente.
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