
Pela primeira vez desde 1965, presidente aciona Guarda Nacional sem pedido do Estado, após protestos contra operações de imigração tomarem as ruas de Los Angeles.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Pela primeira vez em seis décadas, um presidente dos Estados Unidos decidiu federalizar a Guarda Nacional de um Estado sem o aval do governador. Donald Trump, líder republicano e atual presidente, autorizou o envio de 2.000 soldados para Los Angeles (Califórnia) no último sábado (7), após dias de protestos e confrontos envolvendo agentes federais e manifestantes contrários às operações de imigração.
O cenário de tensão começou a se formar na última sexta-feira (6), quando ações do ICE ocorreram em diferentes áreas da cidade. A presença dos agentes provocou reações imediatas, especialmente em regiões com alta concentração de imigrantes. Os protestos rapidamente ganharam força e resultaram em enfrentamentos diretos com as autoridades.
No bairro de Paramount, localizado ao sudeste de Los Angeles, a mobilização de manifestantes se intensificou. Durante um impasse em frente a um parque industrial, agentes da patrulha de fronteira com equipamentos antimotim foram acionados e usaram gás lacrimogêneo para dispersar o grupo. De acordo com o Departamento de Segurança Interna (DHS), 118 imigrantes foram presos durante as operações, e pelo menos 12 pessoas foram detidas por tentarem impedir o trabalho dos agentes federais.
A resposta do presidente veio com a assinatura de um memorando oficial que acionou a Guarda Nacional sob o Título 10 do Código dos EUA — dispositivo legal que permite ao governo federal assumir o controle das tropas estaduais em casos de rebelião ou ameaça à ordem constitucional. Segundo o documento, os protestos têm “impedido a execução das leis” e “constituem uma forma de rebelião contra a autoridade do governo dos Estados Unidos”.
O governador Gavin Newsom, filiado ao Partido Democrata, criticou a medida e afirmou que ela “vai apenas escalar tensões” na Califórnia. Em sua conta na rede X (ex-Twitter), foi categórico: “O governo federal está tomando o controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviando 2.000 soldados para Los Angeles — não porque há escassez de forças de segurança, mas porque querem um espetáculo.”
A ação de Trump provocou uma onda de reações no meio político, especialmente entre democratas, mas foi vista por aliados como um gesto de firmeza frente à desordem. A mobilização das tropas é válida por 60 dias e pode ser prorrogada, caso a situação se agrave. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, deixou claro que o governo está pronto para agir com mais força, caso necessário: “as tropas estavam sendo mobilizadas ‘imediatamente’ e ameaçou enviar ‘fuzileiros navais da ativa’ caso os protestos continuassem.”
Além das críticas locais, o presidente também rebateu a condução da crise por parte das autoridades estaduais. Na rede Truth Social, alfinetou a administração democrata: “O governo federal irá intervir e resolver o problema, TUMULTOS E SAQUEADORES, da maneira como deveria ser resolvido!!”
O histórico da medida remonta a 1965, quando Lyndon B. Johnson, então presidente democrata, interveio no Alabama para proteger manifestações em defesa dos direitos civis. A comparação, no entanto, para analistas, ignora o fato de que agora se trata da contenção de desordem, e não da defesa de liberdades civis.
Enquanto isso, setores sindicais e ativistas de imigração também se posicionaram. O presidente do SEIU na Califórnia, David Huerta, detido durante os protestos, declarou do hospital: “O que aconteceu comigo não diz respeito a mim. Isso é algo muito maior. Isso se refere a como nós, como comunidade, nos unimos e resistimos à injustiça que está acontecendo.”
Apesar da pressão política, Trump se manteve firme, indicando que o governo federal continuará priorizando a aplicação das leis e a manutenção da ordem. Sua decisão sinaliza que, diante de ameaças à segurança pública, ele não hesitará em agir diretamente — mesmo que isso signifique enfrentar resistência por parte de autoridades estaduais.
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