Empresa oferece carteira de motorista traduzida e vende documento de maneira ilegal

Uma empresa tem oferecido o serviço de tradução de carteira de motorista para membros da comunidade brasileira nos Estados Unidos. O serviço, porém, é feito de maneira ilegal. O que tem sido entregue, não é uma tradução, mas um documento que funcionaria como uma carteira de motorista internacional. O que a empresa não tem permissão para fazer.

O repórter investigativo Thathyanno Desa conversou com um cliente, que não quis se identificar. Usando uma máscara de palhaço (segundo ele, representando a maneira como as pessoas da comunidade vem sendo tratadas), o homem contou que pagou 130 dólares pelo serviço. 90 pela confecção da carteira e 40 para realizar correções, como a cor dos olhos, que havia sido colocada errado.

Segundo o cliente, foram feitas três carteiras com erros. “Quero meu dinheiro de volta. Isso não serve para nada. Todo mundo está sendo enganado”, afirmou.

Thathyanno, então, conversou com dois representantes da empresa. “Nós informamos que consiste na tradução dos documentos do país de origem da pessoa. Deixamos claro que não estamos criando uma carteira de motorista. O que nós falamos, é que nós seguimos uma legislação específica a respeito. Essa pessoa conversou comigo, fizemos as correções necessárias. Houve esse equívoco de fato quanto à cor dos olhos. Eu o atendi com a maior prestabilidade possível. Pedi desculpas pelo erro. Falei que estávamos em home office, passei o endereço, e ele falou que assim que voltássemos, iria nos visitar. Ele nos procurou de novo e eu disse que pode nos procurar tranquilamente quando voltarmos. Somos uma empresa séria. Não vamos fugir”, afirmou Fernanda Lopes.

Porém, quando questionada sobre legislação, ela se contradisse nas informações. “Eu sempre esclareço que não somos departamento de transito. É o departamento de transito do pais que vai emitir a carteira”, disse. Porém, os clientes têm recebido uma carteira, inclusive com um número de registro.

“Permissão para dirigir é emitida pelo Detran e é atrelada ao visto, passaporte. Não somos departamento de trânsito. Somos autorizados para fazer a tradução”, justifica.

Quando questionados se têm autonomia estadual para tal tradução ou permissão do departamento de trânsito, novamente os representantes tiveram dificuldades em se explicar. “A lei nao diz quem pode ou não (fazer a tradução). Diz que tem que estar traduzido. A lei diz que o estrangeiro tem que traduzir a carteira nativa, para a autoridade poder ter noção do que tem ali”, afirma Luiz Almeida, outro representante da empresa, que se identificou fora do ar como sócio.

Policial explica crime cometido

Durante o programa Lado a Lado com a Verdade, Thathyanno chamou o policial brasileiro Rafael Faria, que trabalha no departamento de Marlborough. Ele esclareceu a lei e deixou claro que o trabalho está sendo realizado de forma ilegal e é caracterizado como esquema.

“Quem faz a tradução é o pais de origem. O que você está passando é a carteira internacional. Ela tem que ser dada pelo país de origem, porque tem que ser identificada. Você não pode dar uma carteira internacional se não tem os direitos do país original do qual essa carteira está vindo. O website tem que explicar que é apenas tradutor e está passando ao pessoal uma ideia que não é real. O que esta fazendo não é tradução. O que seria tradução? Nome, data de nascimento e o tipo de carteira. E isso tem que ser dado pelo Brasil. O que você está fazendo é ilegal. Se algum cidadão de Marlborough for no meu departamento, me apresentar essa carteira, essa conversa e o seu website, eu sou obrigado a colocar uma ordem de prisão contra você. No nosso estado de Massachusetts, isso é considerado esquema. Você esta cometendo um crime no Brasil e um crime dentro do estado de Massachusetts. Vocês estão falsificando uma carteira brasileira”, explicou o policial, em conversa com Luiz.

Fernanda afirmou que não tinha conhecimento da lei, e se entendesse como crime, não estaria trabalhando com isso. Já Luiz prometeu parar de oferecer o serviço para os moradores de Massachusetts.

Thathyanno também mostrou o caso em que uma pessoa, que não tinha carteira de motorista no Brasil, conseguiu um documento com a empresa. Documento, inclusive, com data de emissão de 2014, que dizia que a pessoa havia nascido em 2004, ou seja, teria 10 anos anos na confecção da carteira.

Fernanda justificou ter sido um erro na data, mas que sobre a pessoa não ter carteira de motorista no Brasil, o cliente é responsável pela veracidade das informações. “Nós não inventamos. Ela nos passou”, afirma.

Confira a entrevista completa:

 

2 Comentários

  1. Bom dia! Tenho uma declaração muito séria a fazer contra essa empresa, com todas as provas a serem apresentadas. Entrei em contato com 2 advogados e fui orientada a fazer boletim de ocorrência.
    Gostaria que fizessem contato comigo, para que o meu caso seja divulgado e mais pessoas não sejam prejudicadas, como eu fui
    Fernanda – 7744989211
    Obrigada

  2. Boa tarde. Sou tradutor juramentado no Brasil, morei 8 anos nos Estados Unidos. Assisti a live na íntegra e gostaria também de elucidar alguns pontos de extrema importância que não foram abordados durante a entrevista.

1 Trackback / Pingback

  1. Após venda de carteiras de motorista de forma ilegal, empresa para atividades - Globe News USA

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*