
A ação mais violenta registrada em Santa Catarina. Foi assim que a Polícia Civil descreveu a ação realizada na madrugada dessa terça-feira, em Criciúma, no Sul do Estado, quando homens fortemente armados assaltaram uma agência do Banco do Brasil.
A ação começou pouco antes da meia noite. Segundo a Polícia Civil, cerca de 30 homens cercaram a região central de Criciúma e deram inúmeros tiros para o alto, com o objetivo de inibir a polícia.
Chamou a atenção o armamento utilizado pelos criminosos. O grupo usou fuzis calibres 556 e 762 e .50, capazes de derrubar helicópteros.
Os criminosos realizaram ações simultâneas em outras regiões. Um grupo incendiou um caminhão na frente do batalhão da Polícia Militar. Neste momento houve uma troca de tiros com os bandidos e um policial foi baleado no abdômen. Ele está hospitalizado em estado grave.
Ao mesmo tempo, outro caminhão foi incendiado, desta vez em uma ponte de Tubarão, a cerca de 60 quilômetros de Criciúma, com o objetivo de atrasar a chegada das forças de segurança da capital Florianópolis.
Um grupo de funcionários da prefeitura, que trabalham na pintura das faixas de segurança, foram feito de reféns. Mas segundo um deles, não houve nenhum tipo de violência.
Um dos reféns, Sérgio, falou sobre a ação dos criminosos. “Eles não bateram em nós, pediram para que ficássemos tranquilos, para não fazermos nada e tudo o que eles falavam tinha que obedecer. Não fizeram nada, foi tranquilo, conversaram com nós”, contou o trabalhador.
O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar de Criciúma, tenente-coronel Cristian Dimitri Andrade, destacou a estratégia da PM, de não entrar em confronto. “Não era confronto com a PM, eram os meliantes atirando para nos afastar do local da crise”, relatou. “Temos o protocolo número 1 de salvar vidas e preservar as leis. Nós não confrontamos, nosso modus operandi, nosso protocolo é fazer a contenção no perímetro externo, deixar a fuga para esses meliantes, a fuga demorou por conta deles”, emendou.
“A cidade esteve sitiada. Tivemos lojas saqueadas e vivemos uma experiência que não sairá tão fácil da nossa cabeça”, contou o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, que soube do início dos ataques pelas redes sociais. “Daí entrei em contato com o delegado regional e PM. Pedimos que a população não saísse de casa. A palavra do prefeito foi para que ninguém saísse de casa. A PM nos informou que o protocolo não é trocar tiros com os bandidos mas proteger a população”, reforçou.
A ação acabou pouco antes das 2 da manhã. Os criminosos fugiram em veículos de luxo e de alta potência, de forma coordenada.
Os carros utilizados na operação foram abandonados durante a madrugada na comunidade de Picadão, interior de Nova Veneza, a cerca de 20 quilômetros de Criciúma.
“Estamos fazendo a perícia e trabalhando para pegar algumas imagens para detectar quais os veículos e rumos que os criminosos tomaram. Estamos com várias equipes divididas para tentar pegar o rastro, será muito difícil pegar eles agora, mas o importante é reunir todas essas informações deixadas no rastro do crime para pegar eles mais pra frente. Não tenho dúvida que, mais pra frente, vamos querer desvendar”, declarou o delegado da Polícia Civil, Márcio Campos Neves.
Com os carros deixados em um milharal, ainda não se sabe exatamente como que os criminosos fugiram – mas as autoridades já possuem uma aposta da rota e dos veículos utilizados para fuga. “As informações que temos é que fugiram de carro, em pelo menos três carros, e que pode ter sido usado também um caminhão. Estamos trabalhando para ver se detectamos os veículos”, pontuou Márcio.
Já o delegado Vitor Bianco Júnior ressalta o trabalho da polícia que, neste momento, seguem buscando mais informações sobre a rota dos criminosos. O delegado afirma que ainda não há nada confirmado, mas há a possibilidade de que os assaltantes tenham fugido para o Rio Grande do Sul. “Ainda não temos uma ideia exata, mas tudo indica que eles abandonaram os veículos e, pelas primeiras indicações, eles estariam se dirigindo para o Rio Grande do Sul, mas não podemos confirmar isso. Em determinado momento, poderiam estar indo para o Sul, mas é difícil de afirmar”, pontuou. Segundo Vitor, algumas imagens mostram que uma caminhonete Mitsubishi de capota aberta estaria carregando uma grande quantidade de dinheiro no momento da fuga. No Banco do Brasil, o cofre central acabou sendo assaltado.
A manhã seguinte ao crime foi agitada no Centro de Criciúma. Além da movimentação já esperada no local, o esquadrão antibombas do Bope de Florianópolis localizou quatro artefatos. Um deles, estava em um carro, nas proximidades do Banco do Brasil.
As forças de segurança pública do Estado seguem empenhadas em encontrar os responsáveis pelo crime. Além da PM, as policias Civil, Rodoviária e Federal, também atuam na busca por informações.
Estima-se que mais de R$ 40 milhões foram levados pelos criminosos . Pelo menos R$ 810 mil foram resgatados em dois malotes coletados por quatro homens que foram presos pouco depois do ataque.
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