Mãe pede ajuda para tirar a filha da prisão de imigração

No meio das dificuldades, que ficaram ainda maiores por causa da pandemia, a jovem Tainara, de 21 anos, deixou a cidade, em Minas Gerais, em busca do sonho americano. O sonho de ter uma vida melhor e também proporcionar uma vida melhor para a mãe. Ela vendeu tudo o que tinha para poder comprar uma passagem para o México e tentar entrar nos Estados Unidos. Porém, o sonho tornou-se um pesadelo.

Acompanhada do namorado, ela foi detida pela imigração, que separou os dois. Ele ficou no Texas e ela foi mandada para a Louisiana. Como se isso não fosse o suficiente, ela ainda ainda sobre com muitas dores e diz não ter nenhum tipo de suporte quanto a isso. E por causa disso tudo, a mãe dela, Elisangela Lourenço, tenta trazer a filha de volta ao Brasil.

Em entrevista exclusiva ao repórter investigativo Thathyanno Desa, no programa Lado a Lado com a Verdade, contou o drama que ela e a filha estão passando. “No dia 13 de maio, minha filha foi atravessar a fronteira com o namorado. Estavam atravessando sozinhos. Mas desistiram e voltaram para trás. Venderam tudo o que tinham. A única roupa que tinham, foram roubados. E nisso, tiveram que passar uma noite inteira no meio do mato escondidos, porque os coiotes estavam por toda a parte. E quando amanheceu, eles se entregaram para a imigração. E foi quando começou uma luta. Porque o namorado dela me ligou e disse que a polícia separou eles e não sabia onde tinham levado ela. E foi uma luta Eu não sei falar inglês; Ela foi para um abrigo e ficou 14 dias. Depois foi transferida para um centro de detenção. Aqui no Brasil, ela passava mal de dor de barriga. E lá, essa dor se agravou e ela passou a sentir muita dor. Pedia remédio e não davam. Um dia ela me ligou chorando de dor. Não conseguia nem falar. Só falavam que não podiam falar nada. Um dia levaram ela para uma sala. Deixaram ela 5 horas sozinha, suja de sangue. E só fizeram um raio-x e falaram que não sabiam o que ela tinha. A barriga dela está toda inchada. Isso tem um mês. Ela tem sangramento no intestino. Chamaram ela para fazer entrevista, disse que foi mal tratada. Que é para parar de chorar, que lá não é a casa dela. Devido a comida muito apimentada, isso deve estar piorando a situação dela. Ela disse que não quer ficar, que quer ser deportada”, contou a mãe.

“Ela foi em busca do tal do sonho americano. Queria me ajudar. E aqui no Brasil, não consegue trabalhar. Por causa da pandemia, tem gente tirando comida do lixo para comer. Aqui está complicado. O auxílio que o governo está dando é de 150 reais. O que é isso para pagar o aluguel, pagar um gás que custa R$ 100. Está muito difícil a situação aqui. Por isso que tanta gente está indo para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor”.

Ela contou que não sabia que a filha pretendia viajar desta maneira. “Ela sabia que eu não iria deixar ela ir se soubesse que estava ilegal. Ela vendeu até a cama que estava dormindo para juntar o dinheiro para comprar a passagem e ir até o México. Só o que disse é que estava indo com visto de turista para os Estados Unidos. Quando chegaram no Mexico, ficaram dias lá dentro porque o dinheiro tinha acabado. O último contato que eu tive com ela no México foi no dia 18 de maio. Ela disse que ia ficar uns 4 dias sem internet. Depois disso o namorado me ligou e contou que a polícia tinha pegado eles e separado eles. Desde que foi pra lá minha filha perdeu 7 quilos”, conta, emocionada.

“É desesperador. Eu fiz de tudo para poder criar meus filhos. Essa menina nunca fez mal pra ninguém. Tem gente que rouba, mata e está solto e a minha filha está presa. Eu sei que ela infringiu uma lei, mas nao precisava tratar ela desse jeito. Ela não é uma criminosa, não é uma bandida. É uma menina de 21 anos. Nunca fez nada de errado. Eu não tenho conseguido comer preocupada com ela”.

Elisangela contou que ela consegue falar toda semana com a filha, e que ela já disse que queria ser deportada. “Não é mal tratar com palavras. isso é o de menos. Mas cadê os direitos humanos? Aparece para o cara que matou, que estuprou. Mas cadê para a minha filha? Tentei entrar em contato com consulado, mas não respondem. teve até uma mulher que ligou para lá e falaram que não podiam fazer nada. Se eles não podem, o que eu vou poder fazer?”, disse.

Durante a entrevista, Thathyanno conversou também com a mediadora judicial Sue O’Brien, que falou um pouco sobre a situação nos centros de detenção. “Não está sendo incomum ouvir essas histórias. Teve relatos de pessoas que falaram isso. Que a comida era servida muito tarde. Pessoas passando mal. Tem um alto número de pessoas lá e isso está fazendo com que as coisas não aconteçam como deveriam. É um problema seríssimo as condições que os detidos estão sendo tratados”, confirmou.

Ela também explicou o que pode ser feito em casos como esse. “Ações judiciais vão ter que ser tomadas. Normalmente nesses casos, os consulados se envolvem. Os departamentos de recursos humanos de várias organizações se envolvem também. Primeiramente ela teria o apoio de nosso escritório ou de centros de associações que falam português e poderiam ser porta voz para ela. Aqui no nosso escritório tivemos um cliente com diabetes, que ficou muito ruim e fomos em cima do agente para que ele pudesse ser tratado. Sabemos que muitas vezes a pessoa no Brasil não tem condições financeiras, mas tem associações que trabalham de forma gratuita para ajudar”, contou.

Confira a entrevista completa:

 

 

 

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