
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que o partido irá apresentar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um estudo sobre problemas em urnas eletrônicas fabricadas antes de 2020. Ele. vai pedir a revisão de cerca de 250 mil urnas eletrônicas usadas nas eleições de 2022 que, segundo ele, “não podem ser consideradas”. Isso é quase metade das cerca de 577 mil unidades à disposição da Justiça Eleitoral. A declaração foi dada em vídeo que circulou neste fim de semana nas redes sociais e que foi compartilhado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No vídeo, Costa Neto disse que a intenção não é pedir uma nova eleição. Mas, de acordo ele, essas urnas “não podem ser consideradas” e o TSE tem de dar uma resposta a isso. O dirigente do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, afirmou ainda que essa foi a conclusão de um estudo encomendado pela legenda.
No vídeo, Costa Neto fala das conclusões de um levantamento do PL. “Pelo estudo que fizemos, têm várias urnas que não podem ser consideradas. É no Brasil inteiro. São as urnas de 2020 para baixo; são as urnas antigas. Todas elas têm o mesmo número, não tem [registro de] patrimônio. Não tem como controlar a urna. Você vai checar a urna antes da eleição e são todas com o mesmo número. Temos a prova e vamos mostrar que essas urnas não podem ser consideradas. Vamos ver o que o TSE vai resolver, vai decidir”, disse Costa Neto.
Questionado se o fato de todas as urnas de modelo mais antigo que o de 2020 terem o mesmo número seria realmente um indício de irregularidade, o presidente do PL disse apenas: “Se elas têm o mesmo número, como você vai checar a urna antes da eleição?”.
O presidente do PL foi perguntado sobre como o partido não percebeu a irregularidade durante a vistoria que o TSE conduz junto com partidos e entidades antes da eleição. Mas Costa Neto não respondeu diretamente. “Isso é culpa dos funcionários do TSE, porque a direção do TSE não tem conhecimento disso. O pessoal de cima não sabe que existe isso lá embaixo”, disse. “A insistência do Bolsonaro para ver esse assunto… Eu tinha tranquilidade [com as urnas], porque eu disputo eleição desde 1990 e as urnas estão aí desde 1994. Nunca tive preocupação com isso, e ele vem insistindo comigo. Aí eu insisti com o pessoal, eles foram lá e descobriram isso aí”, prosseguiu.
O ex-deputado afirmou que terá o “estudo completo” só na segunda (21) e que “tem muita gente trabalhando nisso”. Questionado sobre a zerésima e os boletins de urna, que funcionam como uma espécie de extrato das urnas eletrônicas antes e depois do pleito, Costa voltou a dizer que esses equipamentos antigos “têm o mesmo número” e por isso não há como identificá-los. “Eu tenho certeza que a direção do TSE não tem conhecimento disso, eles vão ter que resolver o que fazer, são eles que decidem o que fazer”, acrescentou.
No vídeo, Costa Neto também é questionado se o PL vai pedir uma nova eleição eleição. “Nada. Nada de ter nova eleição. Não vamos propor nada disso. Não queremos tumultuar a vida do país. Mas têm umas urnas que têm que ser revistas e nós vamos propor para o Tribunal Superior Eleitoral até a próxima terça-feira essa nova proposta”, afirmou. “Temos tudo já comprovado, tudo fotografado, tudo colocado em cartório. Agora, nós não queremos nova eleição, não queremos agitar a vida do país, mas eles [TSE] têm que decidir o que vão fazer. Eles tem que fazer.”
O partido contratou uma auditoria conduzida por um grupo de técnicos do Instituto Voto Legal (IVL), comandado pelo engenheiro Carlos Rocha – um dos desenvolvedores do primeiro modelo de urna eletrônica usado no Brasil e crítico do sistema atualmente adotado pelo TSE. Ele defende a certificação digital de cada voto e auditorias externas independentes, não controladas pela Corte, sobre o funcionamento das urnas eletrônicas. A auditoria começou em julho.
No final de setembro, o PL divulgou um documento de duas páginas, sem assinatura, apontando supostas irregularidades no sistema eleitoral eletrônico, como a possibilidade de alguns técnicos do TSE para “manipular resultados da eleição, sem deixar qualquer rastro”.
Em nota oficial, o TSE afirmou que as conclusões do documento eram “falsas e mentirosas”. O presidente do Tribunal, ministro Alexandre de Moraes, determinou a apuração de responsabilidade criminal de seus idealizadores, bem como uma investigação contra o PL por suposto desvio de finalidade no uso de verba do fundo partidário.
Faça um comentário