
Yuruani Uztaris sempre teve uma vida tranquila. Podia comprar as roupas e bolsas que queria. Podia viajar quando queria. E um dia, estava passando fome por causa do governo. Essa é a realidade dela e de outros milhões de venezuelanos que viram a vida virar um inferno com a ascensão da esquerda.
A venezuelana Yuruani, ou Ani, como também é conhecida, está no Brasil há sete anos. Veio para o país justamente para fugir do comunismo implantado no país natal. E há mais de um mês em Brasília, no acampamento patriota, ela falou com exclusividade ao GN USA WEBTV. “Estou chateada, porque os brasileiros fizeram uma promessa para nós venezuelanos, que aqui teria liberdade. Nos trouxeram em aviões, em ônibus, nos interiorizaram no Brasil todo, e falaram que aqui o socialismo nunca ia chegar, que o comunismo não vai tomar conta, que aqui íamos estar livres. E olha onde eu estou sete anos depois”, desabafou.
Ela revelou vir de família com boas condições financeiras, mas sentiu na pele o inferno do socialismo. “Eu venho de uma família de empreendedores. Minha mãe tinha uma pousada muito conhecida a nível mundial. E sempre fizemos comércio. A minha vida era totalmente estável. Nunca imaginei dormir no papelão, como eu dormi. Nunca imaginei ter que usar a roupa usada de alguém. Nem imaginei pedir comida quando tive fome. Lá eu comprava bons sapatos, boas roupas, viajava para praia quando eu queria. Eu falava para o motorista, levava o meu filho, pagava os gastos do motoristas e ficava 10, 12 dias na praia curtindo”, conta.
“O presidente já era Hugo Chavez, mas estava nos primeiros oito anos do comunismo ‘bom’. Porque ele trabalha em fase gradativa. O comunismo vai pouco a pouco trabalhando, se intensificando e quebrando o povo. E eu nunca imaginei ter que sair do país. Minha mãe tirou meu irmão da Venezuela em 2012 para os Estados Unidos, para ter uma vida boa. Mas a gente não imaginava que o comunismo de Cuba ia chegar. Mas quando Lula entrou na frente e começou a se aliar com Hugo Chavez, foi a pior parte. Entrou acabando com tudo e todos. A inflação começou a crescer e não parava mais. Ia no supermercado de manhã comprar o pão, e ele custava, por exemplo, 2 reais. De tarde já estava 3,50. De noite estava 4. No outro dia já estava 6, 8 e assim seguia. Por isso no meu pais tem tanto volume de dinheiro, mas o dinheiro não vale nada. Em 2015 eu comecei a ver a realidade. Fazia fila quilométrica para comprar comida. Entrava na fila às 3 da madrugada e saía às 11 da manhã sem conseguir levar toda a comida. Isso quando o povo não saqueava, porque não tinha dinheiro para comprar. A guarda nacional chegava e jogava bombas. As crianças corriam. Foi a primeira vez que eu vi a realidade que eu não queria ver. E eu falei: ‘eu tenho que ir embora daqui. Como eu vou falar para os meus filhos que se fossemos comprar o alimento, íamos ser atacados por quem deveria nos defender?”, relembra.
Ani então se mudou para Santa Helena, na fronteira com o Brasil, onde o comércio ainda tentava sobreviver, mas a situação era muito difícil. “De lucro, fazíamos 22 reais. E pagávamos para cada funcionário 2 reais. E o lucro, comprava de comida para os funcionários, que não era suficiente”, revela.
Quando falou da luta contra a esquerda, Ani chegou a se emocionar. “Tem pessoas que dizem que o meu país não lutou. Meu pais foi guerreiro e lutou até o fim, até mais. Mas não conseguiu. E não tivemos a força que vocês tem hoje. Não tivemos os três poderes para nos proteger. A guarda nacional bolivariana o que mais gosta é de bater em manifestante, literalmente. Gritávamos para o mundo: precisamos de vocês. E o mundo tapou os olhos, como faz até hoje para a Venezuela. Uma das coisas que o comunismo faz é comprar os poderes. E comprou a guarda nacional com altos salários. Então não tínhamos como pedir socorro. tentamos recolher assinaturas, tentamos fazer impeachment, tentamos gritar ao mundo, mas a ONU chegou em uma rua disfarçada, preparada para receber eles, e falou que era uma pais democrático. E não era assim. Lá todo mundo parou. Literalmente parou. Mas não tivemos força de ninguém. A ajuda de ninguém”.
Outra diferença que encontrou no Brasil, foi Deus. Para ela, é ele que tem abençoado o povo.
“Durante 10 anos da minha vida, fui do candomblé. Conheci Deus no Brasil. A diferença é que o Brasil tem Deus. E aqui sim estamos vivendo um momento muito espiritual. Porque o maior capeta está perto de sentar na maior cadeira do Brasil. E depois que sentar, não vai sair mais”, disse.
Yuruani, que atualmente mora em Valparaíso, em Goiás, está em Brasília desde o dia 2 de novembro, pouco após a eleição. E ela deixa bem claro os motivos. “Se o brasileiro entendesse o que está perto de perder, teria mais seriedade no assunto. Não é apenas politicagem, é a vida. Ter sonhos. Ter tudo. E da noite para o dia, não ter nada. A gente perde sonhos. Perde força. Se sente diminuída. Se sente mínima. Aqui eu voltei a sonhar”, contou.
E para ela, ainda há tempo de mudar essa situação, mas para isso, é necessária a união. “Se o brasileiro acordar, teremos sim [a vitória]. Aqui tem reunidos cristãos, católicos, espíritas, todos lutando pela mesma coisa. A minha parte eu estou dando. O brasileiro não é ignorante. Nós temos uma base que é a base humanitária. E a principal regra é trabalhar com amor. Fazer a comida com amor. Entregar água com amor. Tem gente que chega com depressão. Com fome. E ficam curadas, porque aqui tem amor. Tem irmandade. Aqui não se briga. Aqui o infiltrado que entra sai transformado. Sai atrás de algo e leva muito mais do que pode buscar. Ainda não é tarde. O momento é agora. Crie coragem. Não tenha vergonha. O comunismo é um câncer que corroeu ossos. Me ajude a não perder o Brasil”, convocou.
Ela também falou sobre a ditadura enfrentada na Venezuela. E o motivo pelo qual isso ocorre: “É a mesma urna que é usada aqui. Lá o ditador ganha com 98% toda vez. Por causa dessa urna. La é ditadura. Mas a ONU vê como uma democracia”.
Por fim, Yuruani deixou uma mensagem aos brasileiros. “Eu sou brasileira nascida no exterior. Dia 31 fui exercer o meu direito. E no dia 1, muito frustrada, eu falei que tinha que dar um jeito de lutar pelo Brasil. É fácil criticar, mas é difícil fazer algo. Levante e ande. Lute pela nossa liberdade. Brasil, acode. Você não tem noção do que está a ponto de perder. Crie coragem. Levante a bunda do sofá e venha para ação. Já perdi a Venezuela, mas não quero perder o Brasil. E até o último minuto, vou estar batalhando para não perder, porque é o meu coração hoje”.
Confira a entrevista completa
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