
Mais de 40.000 funcionários de fábricas da Stellantis, Ford e GM aderem à suspensão de atividades em meio a impasse salarial.
Por Camila Fernandes | GNEWSUSA
O Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Automóveis dos Estados Unidos (UAW, na sigla em inglês) anunciou nesta segunda-feira (23) a ampliação da greve por melhores salários para uma importante fábrica de picapes do grupo Stellantis, localizada no estado do Michigan. A Stellantis foi formada em 2021 através da fusão da Fiat Chrysler e da montadora europeia PSA Group.
Com essa decisão, 6.800 trabalhadores da fábrica de caminhonetes RAM, considerada a maior e mais lucrativa do grupo e situada em Sterling Heights, unem-se à paralisação, totalizando mais de 40.000 grevistas nas instalações das empresas Stellantis, Ford e GM.
Atualmente, o UAW conta com 146.000 membros, distribuídos entre os três grandes conglomerados de Detroit. É a primeira vez que esse trio enfrenta uma greve simultânea.
Na última sexta-feira (20), o presidente do sindicato United Auto Workers, Shawn Fain, reportou “avanços significativos” nas negociações com a Stellantis e a General Motors, visando a novos acordos salariais. “Estou satisfeito em informar que, nas últimas 24 horas, observamos progressos significativos na Stellantis e na GM”, declarou Fain na semana passada.
No entanto, a Ford mantém a posição de que não pode atender integralmente às demandas dos trabalhadores. Nesta manhã de segunda-feira 923), o sindicato apontou que persistem “lacunas” na última proposta apresentada pela Stellantis, que abrange marcas como Chrysler, Jeep, Ram, Dodge e Peugeot.
O sindicato enfatizou em comunicado que, embora a Stellantis ostente o maior faturamento, os maiores lucros tanto na América do Norte quanto globalmente, as margens operacionais mais elevadas e a maior liquidez, ainda se encontra atrás da Ford e da GM em relação às reivindicações dos funcionários e do UAW.
Além disso, o grupo teria apresentado a “menor oferta” em termos de aumento salarial, remuneração dos trabalhadores temporários e medidas de adaptação aos custos de vida em constante evolução, concluiu o sindicato.
A greve que teve início em 15 de setembro em fábricas de montagem de três gigantes da indústria automotiva – Stellantis, GM e Ford – já se estende por cinco semanas, deixando um rastro de prejuízos econômicos que somam impressionantes 9,3 mil milhões de dólares, de acordo com o Anderson Economic Group.
O sindicato UAW mobilizou 12.700 membros para a greve inicial, visando uma fábrica de montagem em cada empresa. No entanto, a estratégia sindical evoluiu para adicionar novos alvos de greve nas semanas subsequentes, ampliando a pressão sobre as montadoras.
Fain, porta-voz do sindicato, revelou que todas as três empresas estão oferecendo contratos que representam recordes para a organização. Ainda assim, a decisão de manter a greve persiste, baseada na crença de que as empresas têm capacidade para conceder ganhos ainda mais substanciais aos trabalhadores, dada a robustez dos lucros que todas elas têm reportado recentemente.
Atualmente, duas fábricas de montagem na Stellantis e na GM, e três na Ford, estão paralisadas. Além disso, as redes de distribuição de peças nas empresas GM e Stellantis também foram afetadas pela paralisação.
Apesar da mobilização significativa, o sindicato não conseguiu garantir a adesão de todos os 145 mil membros das três empresas à greve. Como resultado, as montadoras foram forçadas a demitir milhares de trabalhadores, exacerbando os impactos econômicos já expressivos.
A GM foi a primeira a divulgar os prejuízos decorrentes da greve, estimando um custo de 200 milhões de dólares nas duas primeiras semanas. A Ford deve apresentar seus resultados após o fechamento do mercado na quinta-feira, enquanto a Stellantis, com sede na Europa, tem a prática de reportar resultados anuais e semestrais, devendo revelar as vendas e receitas trimestrais em 31 de outubro.
Os fornecedores das montadoras também enfrentaram consideráveis perdas, totalizando 2,8 bilhões de dólares entre lucros cessantes e salários. Ademais, os membros do UAW que estão em greve ou foram desligados durante esse período amargaram um prejuízo de quase 500 milhões de dólares em salários.
A persistência da greve reflete a determinação do sindicato em buscar ganhos substanciais para os trabalhadores, compensando concessões feitas no passado durante períodos de dificuldade das empresas. Neste embate, as montadoras enfrentam a pressão não apenas dos grevistas, mas também a contabilidade rigorosa dos custos econômicos crescentes.
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