Moradora de bairro afetado em Maceió e engenheira civil Camila Acioli relatam desafios dos 60 mil habitantes afetados após alerta da Defesa Civil
Entrevista exclusiva GNEWSUSA
Por Nicole Cunha | GNEWSUSA
Como relatado em matéria anterior do GNEWS USA, a Braskem afirma que continua monitorando a mina 18, concentrando-se na área onde o movimento do solo persiste. A empresa assegura estar tomando todas as medidas necessárias para minimizar impactos e colaborar com as autoridades.
Leia a matéria completa aqui: Crise em Maceió: Autoridades e Justiça entram em Ação Diante do Perigo de Colapso na Mina da Braskem
Nesta sexta-feira, o GNEWS entrou em contato com a engenheira civil Camila Acioli, que também é residente de Maceió.
“Como essa situação [a mineração] foi realizada por décadas e apenas exposta agora, o problema está há anos. Então, sendo imparcial, a gestão atual apenas está tomando as consequências de um problema que afeta a região há muito tempo. E precisam buscar a melhor solução para o problema envolvendo essas famílias” – afirmou Camila, autora do documento em entrevista ao GNEWS.
A Defesa Civil de Maceió esclareceu que o recente mapa de expansão não indica riscos imediatos à população. Sua principal função é aprimorar áreas para prevenção e gestão eficiente de situações emergenciais.

Iniciativa da Braskem em 2018 e a negligência da responsabilidade
O estudo relata que o caso da Braskem teve início em fevereiro de 2018. No documento é relatado que fortes chuvas levaram a fissuras nos bairros de Maceió. Apesar de estudos científicos apontando a exploração de sal-gema como causa, a Braskem nega responsabilidade pelos problemas.
Caso veio à tona após 5 anos:
Em 2019, a falta de gestão levou à evacuação dos moradores afetados. Em 2020, a situação foi reconhecida como calamidade pública, resultando na desocupação de áreas de risco pela Defesa Civil.
“Nenhuma indenização compensará a proporção do que eles fizeram, pessoas que viveram em suas casas por anos, hospitais e escolas tiveram que ser fechados.”, contou a profissional.
A extração de sal-gema pela Braskem provocou afundamento gradual, tremores de terra e rachaduras em edificações. Cerca de 40 mil pessoas foram colocadas em risco, resultando em evacuações e reconhecimento de calamidade pública, em 2023 esse número chega a 60 mil.

Indenizações aos moradores dos bairros afetados de Maceió
Camila relatou ainda que, após o Decreto de Emergência, imóveis de áreas anteriormente valorizadas perderam grande valor imobiliário, reduzindo-se a valer praticamente nada, por serem considerados inabitáveis por causa da tragédia.
“Os bairros foram decretados inabitáveis, basicamente, e os imóveis que valiam uma grande quantidade acabaram sendo reduzidos a pouco[…]. As pessoas que tiveram suas vidas afetadas pela tragédia acabaram não sendo devidamente ressarcidas.“, completou.
Entrevista exclusivas:
A engenheira civil contou ao GNEWS, que desde 2018, moradores que possuíam comércios e moradia próprios nos bairros acometidos relataram que tiveram diversos prejuízos, não sendo indenizados em valores equivalentes aos bens perdidos, e também no aspecto social.

Compromissos e Medidas Ambientais
No documento redigido por a Acioli em 2022, a engenheira alertou que a Braskem deveria seguir uma série de compromissos ambientais, incluindo encaminhar a Licença Prévia ao Ibama, renovar a licença se necessário, apresentar projeto básico ambiental e executar medidas preventivas, compensatórias e mitigadoras.
O estudo feito em 2022 com base em análise de dados disponível destaca a perda de biodiversidade, risco de incêndios florestais, cálculos de impacto em 60 dias (inerentes a data do estudo) e a execução de ações para programas ambientais específicos. O compromisso é necessário para evitar maiores desastres futuros.
Cenário atual
Ontem (30), agentes da Defesa Civil estiveram em Pinheiro para mais uma evacuação em caráter emergencial. Estimasse que hoje o solo afetado pela mineradora afunde 5cm a cada hora, e cerca 60 mil pessoas ainda vivem nos cinco bairros com alerta emergencial.


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