O movimento Houthi, aliado do Irã, declarou sua intenção de expandir os alvos de seus ataques, incluindo navios dos Estados Unidos, conforme revelado por Nasruldeen Amer, porta-voz do grupo, em uma entrevista à Al Jazeera nesta segunda-feira (10). Amer afirmou que os Estados Unidos estão “à beira de perder sua segurança marítima”.
A escalada ocorre após as forças Houthi no Iêmen terem atacado o navio porta-contêineres M/V Gibraltar Eagle, propriedade e operação dos EUA, com um míssil balístico anti-navio, conforme comunicado pelo Comando Central dos EUA na segunda-feira (15).
Embora não tenham sido relatados feridos ou danos significativos, em resposta, as forças dos EUA e do Reino Unido realizaram uma série de ataques aéreos e marítimos contra alvos Houthi no Iêmen na semana passada.
O destróier lançador de mísseis guiados USS Mason, que foi alvo de ataque no mar Vermelho, Bill Mesta/Reuters.
Quem são o grupo Houthis?
Os Houthis são um grupo rebelde que surgiu no Iêmen em 1990 para combater o governo do então presidente Ali Abdullah Saleh. Liderados por Houssein al Houthi, os primeiros integrantes do grupo eram do norte do Iêmen e faziam parte de uma minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas. Ao longo dos anos, os Houthis ganharam força e se declararam parte do “eixo da resistência” liderado pelo Irã contra Israel e o Ocidente.
A guerra no Iêmen começou em 2014, quando os Houthis saíram do norte do país e tomaram a capital, Sanaa. A Arábia Saudita entrou na guerra em 2015, liderando uma coalizão militar com os Emirados Árabes Unidos e outras nações árabes. O grupo, apoiado pelos Estados Unidos, realizou uma campanha de bombardeios destrutivos e apoia as forças governamentais e as milícias no sul do território iemenita.
Atualmente, os Houthis controlam parte do Iêmen, incluindo a capital Sanaa, e têm influência no Mar Vermelho. Nas últimas semanas, eles intensificaram os ataques contra navios comerciais que passam pelo Mar Vermelho em protesto à guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza. O grupo prometeu continuar os ataques até que Israel interrompa o conflito em Gaza.
Combatentes houthis e apoiadores seguram suas armas durante protesto contra recentes ataques liderados pelos EUA contra alvos houthis, perto de Sanaa. Foto: Reprodução. REUTERS/Khaled Abdullah.
A guerra no Iêmen é considerada o mais grave desastre humanitário da atualidade, com milhões de pessoas deslocadas e a população vivendo na pobreza. O Mar Vermelho, onde os Houthis realizam os ataques, é um canal importante para as cadeias de suprimento de produtos em todo o mundo. Cerca de 10% dos bens comercializados globalmente passam por essa região.
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