O grupo Hezbollah, com apoio iraniano, recusou as primeiras sugestões de Washington para apaziguar o conflito com Israel, como a retirada de seus combatentes da fronteira. No entanto, o grupo está aberto à diplomacia dos EUA para evitar uma guerra devastadora, segundo autoridades libanesas.
Amos Hochstein, o enviado dos EUA, está conduzindo esforços diplomáticos para restabelecer a segurança na fronteira entre Israel e Líbano, enquanto a região enfrenta uma possível escalada significativa do conflito, desencadeada pela guerra em Gaza. Os ataques dos Houthis do Iêmen, aliados do Irã, a navios no Mar Vermelho, a resposta dos EUA e os conflitos em outras partes do Oriente Médio intensificaram a necessidade desses esforços.
“O Hezbollah está disposto a ouvir”, afirmou uma autoridade libanesa sênior familiarizada com o pensamento do grupo, embora tenha destacado que as ideias apresentadas por Hochstein, um experiente negociador, em uma visita a Beirute na semana passada, foram consideradas impraticáveis. O Hezbollah insiste que continuará lançando foguetes contra Israel até que haja um cessar-fogo total em Gaza.
Amos Hochstein, o enviado dos EUA. Foto: Coque Mutuka.
Apesar da rejeição e do lançamento de foguetes pelo Hezbollah em apoio a Gaza, a disposição do grupo para o diálogo indica um desejo de evitar uma guerra mais ampla, disseram uma das autoridades libanesas e uma fonte de segurança, mesmo após um ataque israelense ter atingido Beirute em 2 de janeiro, matando um líder do Hamas.
Israel também expressou o desejo de evitar a guerra, mas ambos os lados afirmam que estão prontos para lutar se necessário. Israel alertou que responderá de maneira mais agressiva se não for alcançado um acordo para garantir a segurança na área fronteiriça.
Uma escalada desse tipo abriria uma nova fase importante no conflito regional. Considerado uma organização terrorista por Washington, o Hezbollah não esteve diretamente envolvido nas negociações, segundo três autoridades libanesas e um diplomata europeu. As ideias de Hochstein foram transmitidas por mediadores libaneses.
Uma das sugestões apresentadas na semana passada foi que as hostilidades na fronteira fossem reduzidas junto com medidas israelenses para operações de menor intensidade em Gaza. Outra sugestão é que o Hezbollah mantenha seus combatentes a pelo menos 7 km (4 milhas) da fronteira. Esta proposta foi comunicada ao Hezbollah, segundo autoridades libanesas.
No entanto, Israel acredita que a maioria dos mísseis antitanque lançados de mais de 7 km não atingiriam as comunidades do norte de Israel, segundo uma autoridade israelense. O Hezbollah rejeitou ambas as ideias como impraticáveis, segundo autoridades libanesas e um diplomata. O grupo há muito descartou a ideia de desistir de armas ou retirar combatentes.
Israel também gostaria que a força de elite Radwan do Hezbollah fosse mantida ao norte de Litani e que uma força de manutenção da paz das Nações Unidas fosse “reforçada”, segundo uma autoridade israelense. O Hezbollah, no entanto, sinalizou que, uma vez que a guerra em Gaza termine, poderá estar aberto a permitir que o Líbano negocie um acordo mediado sobre áreas disputadas na fronteira, segundo as três autoridades libanesas.
“Depois da guerra em Gaza, estamos prontos para apoiar os negociadores libaneses para transformar a ameaça em oportunidade”, disse um alto funcionário do Hezbollah, pedindo anonimato. Ele não comentou propostas específicas. O Hezbollah já havia controlado o fogo durante uma trégua de 7 dias em Gaza, no final de novembro do ano passado. Chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
O Hezbollah está pronto para ouvir, afirma alto funcionário do Hezbollah. Foto: Reprodução.
O porta-voz do governo israelense, Eylon Levy, em resposta a uma coletiva de imprensa na ultima quarta-feira(18/01), disse que “ainda havia uma janela de oportunidade diplomática” para afastar o Hezbollah da fronteira.
Hochstein tem um histórico de mediação bem-sucedida entre o Líbano e Israel. Em 2022, ele intermediou um acordo que delineava a disputada fronteira marítima dos países – um acordo selado com a aprovação nos bastidores do Hezbollah.
O porta-voz do governo israelense, Eylon Levy. Foto: Reprodução. Captura de Tela.
O primeiro-ministro libanês Najib Mikati, cujo gabinete inclui ministros do Hezbollah, disse que Beirute estava pronta para conversações sobre a estabilidade fronteiriça a longo prazo. Ele expressou otimismo de que a diplomacia poderia levar a uma solução pacífica, apesar dos desafios atuais.
Portanto, embora a situação atual seja tensa, há sinais de que a diplomacia ainda pode desempenhar um papel crucial na resolução do conflito. O Hezbollah parece estar aberto a negociações, e com a mediação de Hochstein, há esperança de que um acordo possa ser alcançado para evitar uma escalada maior do conflito.
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