
Debate acalorado entre ex-integrantes do governo Bolsonaro expõe divergências sobre superavit primário e gastos públicos
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Na última quarta-feira (22), em uma audiência pública na Câmara, a equipe econômica liderada pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes contestou veementemente os dados apresentados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O cerne da disputa gira em torno da interpretação dos números referentes ao superavit primário de 2022 do governo Jair Bolsonaro, com acusações de “fake news” e calotes no pagamento de precatórios e aos governadores.
Haddad sustenta que o Orçamento de 2023, legado do governo anterior, apresentava um deficit primário subestimado, omitindo gastos significativos como Bolsa Família, precatórios, Previdência Social e compensações do ICMS aos governadores, totalizando um saldo negativo próximo a R$ 255 bilhões. Em contrapartida, a equipe de Guedes argumenta que, mantida a governança fiscal de 2019 a 2022, o resultado primário do governo central seria substancialmente melhor do que o previsto no Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2023.
O embate se intensifica com a revelação de que a maior parte dos precatórios e o aumento no orçamento do Bolsa Família se referem a compromissos do governo atual, e não da gestão anterior. Além disso, divergências quanto à previsão de gastos previdenciários e a subestimação das despesas com o INSS agravam a controvérsia.
Os números não mentem: os gastos primários diminuíram durante o governo Bolsonaro, representando a primeira redução em relação ao PIB desde a redemocratização. No entanto, o resultado nominal do setor público consolidado apresentou uma piora significativa, passando de um deficit de R$ 460,4 bilhões em dezembro de 2022 para R$ 967,4 bilhões até dezembro de 2023, um aumento de R$ 507 bilhões nesse período.
A discussão se estende para o impacto dos juros da dívida pública no deficit nominal, agravado pela taxa Selic acima de 10% ao ano. O saldo final do deficit nominal, considerando todas as despesas com juros, atingiu a marca de R$ 998,6 bilhões, evidenciando a complexidade e a urgência de soluções para a situação fiscal do país.
Leia mais
Suprema corte dos EUA mantém mapa eleitoral da Carolina do Sul; democratas protestam
Família de Olivia faz apelo a comunidade de Boston nos Estados Unidos
Faça um comentário