
Mercado aguarda anúncio da nova Selic enquanto analisa tensões políticas e impactos econômicos.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
O dólar operava em alta na manhã desta quarta-feira (19/6) e atingiu R$ 5,481 na máxima do dia, enquanto o mercado aguardava a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que deve anunciar no início da noite a nova Selic (taxa básica de juros).
Já a Bolsa abriu em queda, mas passou a oscilar próxima da estabilidade e engatou alta no meio da tarde, em um dia de liquidez reduzida devido a um feriado nos Estados Unidos.
O mercado prevê que os diretores mantenham a taxa no atual nível de 10,50% ao ano, encerrando o ciclo de cortes de juros iniciado em agosto. Analistas também esperam que a decisão seja unânime, evitando a forte divisão observada na última reunião.
Na reunião anterior, os quatro diretores indicados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votaram a favor de um corte de 0,50 ponto percentual na Selic. No entanto, prevaleceu a decisão das outras cinco autoridades, que votaram por uma redução menor, de 0,25 ponto.
A divisão causou temores de uma possível interferência política no Banco Central, especialmente a partir do próximo ano, quando a maioria do Copom será composta por indicados do governo. Na terça-feira (18), o presidente Lula criticou Roberto Campos Neto, chefe do Banco Central, aumentando ainda mais a tensão e a expectativa sobre a decisão desta quarta-feira.
O chefe do Executivo também criticou a taxa de juros. “O presidente do Banco Central, que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país”, afirmou.
Antes da decisão, o mercado monitora as declarações de Lula, que estará com Fernando Haddad na posse da CEO da Petrobras, Magda Chambriard, e possíveis propostas de cortes de gastos, que enfrentam resistência, segundo a equipe da Guide Investimentos.
Às 16h08, o dólar subia 0,43%, cotado a R$ 5,456, enquanto o Ibovespa subia 0,27%, aos 119.959 pontos.
A manutenção da Selic no patamar atual encerraria uma sequência de sete cortes consecutivos nos juros. Uma Selic mais alta torna o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimos em países com taxas baixas e aplicam os recursos em mercados mais rentáveis, lucrando com o diferencial de juros.
No entanto, a divisa norte-americana tem acumulado ganhos contínuos nas sessões recentes devido às dúvidas dos investidores em relação ao compromisso do governo com as contas públicas. “A gente vê um viés cada vez mais forte de corte de juros lá fora. Porém, a gente não vem fazendo nosso trabalho de casa. O governo vem gastando mais do que pode”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
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