
Petshops gaúchos e matriz em São Paulo respondem por crimes ambientais; Polícia aponta falta de plano de contingência e negligência no resgate dos animais.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
Sete funcionários da rede de petshops Cobasi foram indiciados nesta quarta-feira (12/6) pela morte de animais deixados dentro das lojas durante a inundação que atingiu Porto Alegre. As duas unidades gaúchas e a matriz em São Paulo também foram indiciadas, por meio dos CNPJs.
O indiciamento se baseia na Lei de Crimes Ambientais, que pune maus-tratos e atos que causem dor e sofrimento aos animais, prevendo detenção de três meses a um ano, além de multa. A pena aumenta em caso de morte dos animais, com agravante para crimes cometidos durante inundações. A Cobasi expressou “indignação” com o indiciamento, afirmando que os funcionários tomaram medidas para garantir que os animais estivessem em segurança.
Animais mortos em lojas da Cobasi em Porto Alegre
A polícia estima que quase 200 animais, incluindo aves, roedores e peixes, morreram nas lojas. Na unidade do shopping Praia de Belas, foram recolhidas 38 carcaças, enquanto o estoque indicava 175 animais no local. Na loja da avenida Brasil, ao menos uma ave e peixes foram encontrados mortos. Alguns animais foram resgatados com vida, mas a empresa não divulgou a quantidade.
A delegada Samieh Saleh, responsável pela investigação, afirmou que a Cobasi não tinha um plano de contingência para proteger os animais e não se mobilizou para resgatá-los após o início da inundação. “Houve um total despreparo de uma rede que lida com animais vivos e se propõe a promover seu bem-estar. Não souberam lidar com a situação e não prestaram o suporte necessário diante dos alertas sobre a enchente”, disse a delegada.
Descoberta das mortes e falta de plano de contingência
As mortes dos animais na loja do shopping foram descobertas após a ONG Princípio Animal obter autorização judicial para ingressar no local em 18 de maio. A unidade havia sido evacuada pelos funcionários no dia 3. “Os animais passaram por um cenário de horror. A coloração e o cheiro da água ali dentro eram de esgoto”, relatou a delegada.
Em depoimento, os gerentes das lojas gaúchas afirmaram ter deixado comida e água em maior quantidade para os animais antes da evacuação, medida considerada insuficiente pela polícia. Equipamentos eletrônicos foram remanejados por funcionários para locais mais altos, enquanto os animais foram deixados para trás.
Cobasi se defende
O advogado da Cobasi, Paulo da Cunha Bueno, criticou o indiciamento dos colaboradores, chamando-o de “contorcionismo jurídico” e “conclusões levianas.” A Cobasi afirmou que não havia indicação da magnitude do desastre e que os animais foram colocados em estruturas acima de 1 metro de altura, mas a água chegou a 3,5 metros, atingindo o teto da loja.
A empresa também alegou que a gerência do shopping solicitou que lojistas não tentassem acessar o local, e que uma das gerentes foi impedida de entrar por seguranças. Sobre os computadores remanejados, a gerência da loja disse que apenas quatro CPUs foram movidas porque ficavam próximas do chão.
Outro petshop indiciado
Dois responsáveis pelo petshop Bicharada, de Porto Alegre, também foram indiciados por crime ambiental no mesmo inquérito, assim como a empresa. Quatro aves e diversos peixes morreram na unidade, enquanto 41 aves, 11 ratos, 8 hamsters e uma chinchila foram resgatados vivos em condições precárias.
Os responsáveis pela loja afirmaram que estavam resgatando os animais aos poucos e que já haviam retirado alguns bichos antes da chegada da ONG. “Não conseguíamos barco para retirar os animais, mas estávamos indo ao local a cada dois ou três dias para alimentá-los”, disse um dos responsáveis pela loja. Ele também afirmou que não encontrou animais mortos na loja, apesar do inquérito policial indicar o contrário.
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