“Te tratam como se fosse cachorro”: Brasileiros deportados relatam experiência de imigração ilegal para os EUA

Relatos de condições precárias e tratamento desumano durante a detenção

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

Um avião pousou em Confins na última sexta-feira do mês de junho, trazendo brasileiros deportados dos EUA. Vestidos com roupas brancas e um saco nas mãos, os passageiros cruzaram a área de desembarque, alguns apressados em encontrar uma tomada para recarregar celulares, outros buscando apoio para informar a família sobre sua chegada.

Entre eles, três pessoas deportadas, que preferiram não se identificar, compartilharam experiências marcadas por meses de detenção nos Estados Unidos após tentativas de imigração ilegal.

“Te tratam como se fosse um cachorro amarrado na corrente”, desabafou um dos deportados.

‘Passei de prisão em prisão’

Um sergipano de 34 anos relatou sua saga após ser detido por imigração ilegal nos EUA. Chegou ao país com visto de turista e permaneceu após sua validade expirar, trabalhando na construção. Sua vida mudou drasticamente ao ser parado pela polícia enquanto dirigia.

“Passei por um processo na Justiça, coloquei advogado, mas não consegui. Passei de prisão em prisão, fiquei quatro meses preso. Foi muito difícil. Eu nunca estive preso no meu país de origem para ficar preso em outro país”, lamentou.

Durante sua detenção, circulou por quatro estados diferentes, enfrentando o isolamento de seus entes queridos e a incerteza quanto ao futuro de sua família nos EUA.

“Eu não aconselho ninguém a ir para lá ilegal. A vida de imigrante é muito difícil, porque você tem que ficar se escondendo”, alertou o sergipano, que agora planeja legalizar sua situação para retornar aos EUA.

Te tratam como se fosse cachorro’

Um mineiro de 24 anos, de Frei Lagonegro, enfrentou a deportação pela segunda vez, após uma perigosa tentativa de entrar nos EUA através da fronteira com o México. Ele descreveu condições desumanas durante a travessia de Juarez para El Paso, espremido em um vagão de trem de carga.

“Dependendo da imigração, não deixam você dormir, te prendem, te soltam. Te tratam como se fosse um cachorro amarrado na corrente“, desabafou o jovem, que perdeu cerca de 10 kg durante sua detenção nos EUA.

De volta ao Brasil, ele pretende reconstruir sua vida ao lado da família, refletindo sobre os desafios psicológicos enfrentados durante suas tentativas de imigração.

‘Não quero voltar’

Uma mineira de 26 anos relatou sua experiência após tentar entrar nos EUA por mar, vindo de Governador Valadares, em busca de segurança após violência doméstica. Após múltiplas tentativas frustradas, finalmente alcançou San Diego, mas foi capturada após cinco minutos nos EUA.

“Era todo dia a mesma coisa: café da manhã, almoço, jantar. Cada habitação tinha oito pessoas, condições desumanas”, descreveu a mineira, que já havia sido deportada anteriormente.

Segundo especialistas, a maioria dos brasileiros enfrenta desafios significativos ao buscar asilo nos EUA, muitas vezes resultando em longos períodos de detenção e, eventualmente, deportação. Apesar de certa flexibilidade adotada pelo governo Biden, o processo de solicitação de asilo para brasileiros geralmente é demorado e frequentemente culmina em deportação.

Para muitos deportados, a experiência é traumática, marcada por condições desumanas e incertezas sobre o futuro. A história desses brasileiros reflete não apenas os desafios da imigração, mas também as complexidades das políticas de fronteira dos EUA em relação aos imigrantes.

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