Revolta na Venezuela: milhares voltam às ruas para contestar a reeleição de Maduro

Oposição exige transparência e questiona legitimidade do pleito em novas manifestações pela capital

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

Neste sábado (3), Caracas foi palco de uma manifestação maciça contra a reeleição de Nicolás Maduro. Milhares de pessoas saíram às ruas, desafiando a declaração oficial de vitória do líder chavista nas eleições presidenciais realizadas no último domingo (28). O clima de tensão no país é palpável, com questionamentos sobre a transparência e a legitimidade do processo eleitoral levantados pela oposição e pela comunidade internacional.

María Corina Machado, uma das principais líderes da oposição, fez um apelo para que os venezuelanos continuem suas manifestações. Em uma declaração no X (antigo Twitter), ela afirmou: “Hoje nos encontramos nas ruas da Venezuela […] com nossos filhos, pais e irmãos, porque esta luta é para ter nossas famílias unidas na Venezuela. Com a nossa bandeira, símbolo da nossa liberdade.”

Corina, que apareceu em um caminhão e usava uma camiseta branca, estava acompanhada por diversos líderes opositores, embora o candidato Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória na eleição de 28 de julho, não estivesse presente. Em meio a um clima de crescente tensão, a oposição também apresentou provas de fraude e lançou um site com cópias de mais de 80% dos registros de votação. María Corina Machado declarou: “Temos que continuar avançando para afirmar a verdade. Temos as provas e o mundo já as reconhece.”

(Photo by Juan BARRETO / AFP)

A chef de cozinha Jezzy Ramos, 36 anos, expressou a indignação dos manifestantes: “Maduro é ilegítimo. Não somos terroristas, estamos lutando por nosso país, pela liberdade. Peço a Maduro que ouça a voz de nossos irmãos, de todos aqueles que morreram.”

Maduro, declarado reeleito, acusou a oposição de tentar um golpe de Estado e repudiou as alegações de fraude. A ativista Sonell Molina, residente no Peru, defendeu a posição da oposição: “Estou defendendo a democracia e o voto, porque elegemos um presidente, isso é óbvio, as atas estão publicamente na internet. O governo não reconhece que perdeu. É um autogolpe.”

A repressão aos protestos resultou em pelo menos onze civis mortos e mais de mil presos. A detenção do líder da oposição e jornalista Roland Carreño, que já havia sido preso anteriormente, foi denunciada pelo partido Voluntad Popular. A promotoria também confirmou a morte de um militar durante os protestos.

Vários países latino-americanos, como Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá, reconheceram a vitória de González Urrutia. Maduro, por sua vez, agradeceu a presidentes como Luiz Inácio Lula da Silva, Gustavo Petro e Andrés Manuel López Obrador por seus esforços de mediação política, enquanto acusa os Estados Unidos de intervencionismo.

A crise política e a divisão internacional em torno da legitimidade da eleição continuam a marcar a instabilidade na Venezuela, com a oposição reforçando seu clamor por justiça e transparência.

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