O Brasil está enfrentando uma intensa seca e aumento nas queimadas, que devem impactar diversos setores econômicos, especialmente a produção de alimentos como carne bovina, cana-de-açúcar e frutas.
Economistas preveem que essas condições climáticas adversas provocarão uma alta na inflação dos alimentos consumidos em casa, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), já a partir de setembro de 2024.
Nos últimos dois anos, a alimentação no domicílio apresentou deflação em setembro, mas o cenário para 2024 aponta para uma mudança. O economista Fabio Romão, da LCA Consultores, prevê uma alta de 0,17% nos preços, uma inversão em relação à tendência de queda dos últimos dez anos.
A seca prolongada e as queimadas têm reduzido a oferta de produtos agrícolas, como frutas, café, derivados do leite e bebidas não alcoólicas, especialmente em São Paulo, onde a produção de cana-de-açúcar deve ser fortemente impactada no início de 2025. A escassez de chuvas também afeta as pastagens, dificultando o engorde do gado e, consequentemente, a oferta de carne bovina, após um “super abate” registrado no primeiro semestre de 2024.
A Warren Investimentos também projeta uma inflação positiva para a alimentação no domicílio no IPCA de setembro. Segundo a estrategista de inflação Andréa Ângelo, a falta de chuvas impacta não só as frutas e produtos in natura, mas também o preço da carne bovina.
A situação não deve se limitar ao curto prazo. Economistas como João Fernandes, da Quantitas, alertam que o ciclo de abate de fêmeas e o preço do boi gordo influenciarão as projeções de inflação. Embora produtos como café e açúcar já enfrentem alta, o impacto em outros alimentos pode ser sentido nos próximos meses.
A previsão para a inflação da alimentação no domicílio é de um aumento de 5% em 2024, com o IPCA geral estimado em 4,2% para o próximo ano. Contudo, há expectativa de que o aumento na produção de cana-de-açúcar para etanol possa aliviar a pressão sobre os preços desse combustível, minimizando parte dos impactos econômicos causados pelas condições climáticas extremas.
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