Seca histórica na Amazônia seca rios e ameaça espécies em extinção

Seca na Amazônia seca rios e ameaça botos-cor-de-rosa, alertam especialistas.

O Rio Solimões atinge níveis mais baixos já registrados, secando leitos e habitats de espécies ameaçadas. Especialistas atribuem crise às mudanças climáticas.

Por Ana Raquel |Gnewsusa 

A Amazônia enfrenta uma das piores secas já registradas, afetando drasticamente os níveis de água dos rios da bacia amazônica, com consequências devastadoras para o ecossistema e as comunidades locais. O Rio Solimões, um dos maiores afluentes do Rio Amazonas, atingiu níveis inéditos de baixa em Tabatinga, cidade brasileira próxima à fronteira com a Colômbia, e a situação é crítica em várias regiões. Leitos de rios que antes eram vias navegáveis estão agora secos, expondo bancos de areia e impactando a vida de milhares de pessoas e animais.

Em Tabatinga, o nível do Rio Solimões caiu 4,25 metros abaixo da média para o mês de setembro, o valor mais baixo já registrado na região. Mais abaixo, em Tefé, um braço do Solimões secou completamente, cenário que repórteres locais puderam constatar ao sobrevoar o rio na última terça-feira 17 de setembro. A seca também atingiu o Lago Tefé, uma área de importância crucial para espécies como o boto-cor-de-rosa, que está ameaçado de extinção.

No ano passado, mais de 200 desses botos morreram devido à seca extrema, e agora a falta de água ameaça novamente seu habitat, com o lago completamente seco. Esses animais, que dependem do ambiente aquático para sobreviver, enfrentam dificuldades crescentes em um cenário de mudanças climáticas e degradação ambiental.

Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace, destacou que o cenário atual é uma consequência direta das mudanças climáticas, que estão afetando a Amazônia de maneira muito mais rápida e intensa do que se previa. Estamos passando por um ano crítico”, afirmou Batista, indicando que vários meses deste ano já superaram os recordes de temperaturas e seca de 2023.

Ele acrescentou que as mudanças climáticas não são mais uma preocupação para o futuro distante, mas sim uma realidade presente e urgente. “Elas chegaram com uma força muito mais intensa do que a gente estava esperando”, disse. As consequências da seca têm se refletido também em incêndios florestais, com grandes áreas de vegetação ressecadas e nuvens de fumaça encobrindo cidades em todo o Brasil e países vizinhos.

As comunidades que vivem às margens dos rios amazônicos estão enfrentando dificuldades extremas devido à seca prolongada. Em Manaus, a maior cidade da Amazônia, o nível do Rio Negro está se aproximando de seu recorde mais baixo, registrado em outubro de 2023, o que já causa grande preocupação.

Tomé Cruz, líder indígena da etnia Kambeba, comentou sobre o agravamento da estiagem em relação ao ano anterior. “No ano passado, nós estávamos passando por essa situação, mas em outubro. Neste ano, já evoluiu bastante essa estiagem”, relatou Cruz, destacando que as comunidades ribeirinhas estão cada vez mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Além de dificuldades no acesso à água potável, a pesca – fonte de subsistência para muitos moradores da região – está comprometida pela redução dos níveis dos rios. O cenário ameaça não apenas a segurança alimentar das comunidades, mas também sua forma de vida tradicional.

Em Tefé, o nível do rio está 2,92 metros abaixo da média para o mesmo período do ano passado, e a previsão é de que continue caindo nas próximas semanas, potencialmente atingindo o nível mais baixo de todos os tempos. Especialistas alertam que os impactos podem ser ainda mais severos se medidas não forem tomadas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

A seca de 2024 marca o segundo ano consecutivo de estiagem severa na Amazônia, um fenômeno que está sendo intensificado pela degradação ambiental e pelo aquecimento global. Organizações de defesa ambiental, como o Greenpeace, estão pressionando por ações mais urgentes e eficazes para proteger a Amazônia e reduzir as emissões de carbono, na esperança de evitar catástrofes ainda maiores no futuro próximo.

A crise atual reforça a necessidade de uma abordagem global para enfrentar as mudanças climáticas, com foco na proteção de ecossistemas críticos como a Amazônia, que desempenham um papel vital no equilíbrio climático do planeta.

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