Pneumonia causa mais de 3 mil mortes na Bahia em 2024 e preocupa especialistas

Doença já levou à morte 3.442 pessoas este ano, com 11 óbitos diários em média.
Por Paloma de Sá|GNEWSUSA 

A pneumonia continua a ser uma grande ameaça à saúde pública na Bahia, onde, em 2024, a doença já provocou 3.442 mortes, conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) atualizados até 30 de outubro. Isso significa uma média de 11 mortes por dia. A capital Salvador lidera o número de óbitos, com 677 casos, seguida por Vitória da Conquista (116) e Feira de Santana (100).

Apesar das campanhas de prevenção e do avanço da medicina, a Bahia já alcançou, em 2024, mais de 90% do total de óbitos registrados em todo o ano anterior, quando 3.805 pessoas morreram devido à inflamação pulmonar. Esta terça-feira, 12 de novembro, marca o Dia Mundial da Pneumonia, data voltada à conscientização sobre a gravidade da doença e a importância de cuidados preventivos.

Pneumonia: causas, sintomas e formas de contágio

De acordo com o pneumologista Álvaro Cruz, a pneumonia é uma inflamação nos pulmões causada por agentes infecciosos que invadem o corpo, como vírus, bactérias e, em casos mais raros, fungos. “Os sintomas mais comuns incluem tosse, febre, dor nas costas, secreção e cansaço”, explica o especialista. No entanto, em indivíduos previamente saudáveis, a pneumonia bacteriana tende a ser a mais grave, enquanto em pessoas com comorbidades, como câncer, a infecção por fungos pode ser ainda mais crítica. As infecções virais, por outro lado, são geralmente mais contagiosas.

Os sinais da doença podem ser sutis, o que torna o diagnóstico precoce um desafio. Álvaro alerta que tosse persistente ou uma piora repentina após uma aparente melhora são indícios que não devem ser ignorados. “Quando esses sintomas se estendem por semanas ou há uma recuperação seguida de uma recaída, é essencial buscar atendimento médico”, orienta.

Um exemplo é o caso de Sofia Mutti, de 12 anos, que começou com uma tosse seca persistente. Inicialmente, sua mãe, Vanessa Mutti, de 44 anos, acreditou que se tratava de uma alergia. “Ela parecia ter melhorado, voltou para a escola, mas logo a tosse voltou mais forte e com secreção. Após os exames, ela foi diagnosticada com pneumonia. Agora, está em tratamento e tomando medidas de precaução, como o uso de máscaras e álcool em gel”, conta Vanessa.

Diagnóstico e desafios no tratamento da pneumonia

A maior parte dos casos de pneumonia na Bahia são registrados sem uma identificação precisa do micro-organismo causador. Cerca de 80,6% das mortes (2.775 casos) estão associadas à pneumonia sem especificação do agente, enquanto as infecções bacterianas somam 18,6% dos casos (641 registros).

Álvaro Cruz ressalta que essa dificuldade em determinar o agente infeccioso não é exclusiva da Bahia, mas um problema que persiste em nível global. “Mesmo nos melhores centros médicos do mundo, apenas metade dos casos são diagnosticados com precisão. Exames de sangue e radiografias podem sugerir a causa, mas para um diagnóstico certeiro, são necessários testes mais complexos, que nem sempre são precisos”, explica o médico.

Diferenças de gênero e cuidados preventivos

Os dados também revelam um ligeiro desequilíbrio no impacto da doença entre os gêneros. Os homens representam pouco mais da metade dos casos fatais, com 1.764 óbitos (51,2%), enquanto as mulheres somaram 1.678 mortes (48,8%). Para a pneumologista Larissa Voss, essa disparidade se deve a fatores comportamentais. “Os homens tendem a adiar a ida ao médico e, muitas vezes, têm mais comorbidades que agravam a pneumonia. Já as mulheres procuram atendimento médico mais rapidamente, o que pode evitar complicações”, analisa.

Importância da vacinação e cuidados contínuos

Apesar de ser uma doença tratável, a pneumonia pode ser fatal, especialmente em pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças pequenas e aqueles com condições de saúde pré-existentes. O tratamento pode variar desde repouso e alimentação adequada até o uso de antibióticos, dependendo do agente causador.

A vacinação é uma ferramenta essencial na prevenção da pneumonia, especialmente contra a bactéria Streptococcus pneumoniae, responsável por formas graves da doença. “A vacinação contra a gripe também é fundamental, já que qualquer infecção viral pode evoluir para um quadro de pneumonia”, alerta Larissa Voss. A médica ainda destacou que, em seus 20 anos de carreira, nunca viu tantas pessoas adoecendo com pneumonia como neste ano.

Com o aumento expressivo de casos, especialistas reforçam a necessidade de medidas preventivas, como a vacinação, higiene adequada das mãos e o uso de máscaras em ambientes fechados, para proteger a população de um problema de saúde que, embora muitas vezes negligenciado, pode ter consequências graves.

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