Primeiro-ministro britânico aponta falhas no atual modelo, mas especialistas alertam sobre impactos nos serviços essenciais.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou que seu governo está preparando alterações no sistema de imigração por pontos, em meio a dados que mostram níveis recordes de migração líquida, que ultrapassaram 900.000 no ano encerrado em junho de 2023, segundo o Office for National Statistics (ONS). Em uma coletiva em Londres, Starmer argumentou que a economia britânica precisa reduzir sua dependência de trabalhadores estrangeiros.
“O Comité Consultivo para a Migração já está a proceder a uma revisão e, nos casos em que encontrarmos provas claras de setores que dependem excessivamente da imigração, vamos reformar o sistema baseado em pontos e garantir que os pedidos de vistos relevantes, quer se trate da rota de trabalhadores qualificados ou da lista de profissões em falta, venham agora acompanhados de novas expectativas sobre a formação de pessoas aqui no nosso país”, declarou.
O sistema de imigração por pontos, introduzido após o Brexit, avalia candidatos com base em qualificações específicas, e aqueles que não atingem a pontuação mínima não podem obter um visto. Starmer defendeu que mudanças são necessárias para beneficiar trabalhadores britânicos, mas críticos apontam que setores como saúde e educação dependem amplamente de profissionais vindos do exterior para funcionar.
Apesar da redução para 728.000 no número de imigrantes líquidos em 2024, atribuída a mudanças na política para dependentes de estudantes, especialistas questionam se o endurecimento das regras resolverá os desafios estruturais da economia do país.
Além disso, Starmer prometeu endurecer as penalidades para empresas que não cumprirem as novas regulamentações. “Qualquer empresa que se recuse a cumprir os novos regulamentos será proibida de contratar mão-de-obra estrangeira”, afirmou.
A questão migratória continua a ser uma das mais divisivas no Reino Unido, com eleitores preocupados com o impacto sobre os serviços públicos. No entanto, setores como o de saúde alertam para o risco de colapsos, caso medidas drásticas prejudiquem o recrutamento de profissionais estrangeiros.
Em meio às mudanças propostas, a ministra do Interior, Yvette Cooper, assinou um acordo com o Iraque para combater o tráfico de pessoas e reforçar a segurança nas fronteiras, durante uma visita oficial ao país. Apesar de a parceria ser descrita por Starmer como uma “estreia mundial”, críticos apontam para a limitada capacidade do Iraque em lidar com questões estruturais internas, como corrupção endêmica e instabilidade política, que frequentemente minam a eficácia de ações conjuntas contra o crime organizado. A escolha do Iraque como parceiro estratégico levanta dúvidas sobre o real impacto do acordo em combater fluxos migratórios ilegais.
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