Cresce alerta nos EUA sobre armas fantasmas após assassinato de CEO Brian Thompson

Foto: Matthew Hatcher.
A morte do executivo reacende o debate sobre a regulamentação de armas de fogo montadas em casa, que são difíceis de rastrear e cada vez mais usadas em crimes violentos.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

As chamadas “armas fantasmas” estão no centro de uma crescente preocupação de segurança pública nos Estados Unidos. Recentemente, a polícia acredita que uma delas tenha sido usada no assassinato de Brian Thompson, CEO da United Healthcare, em Nova York. O principal suspeito, Luigi Mangione, foi preso portando uma pistola preta que aparenta ser uma arma fantasma,  um tipo de arma de fogo que pode ser montada em casa, muitas vezes utilizando impressoras 3D, segundo investigadores.

O que são armas fantasmas?

Armas fantasmas são armas de fogo montadas por indivíduos a partir de kits ou peças adquiridas online. Elas não possuem números de série, o que as torna virtualmente indetectáveis e impossíveis de rastrear. Compatíveis com munição de 9 mm, como no caso do crime envolvendo Thompson, essas armas podem ser fabricadas em poucas horas por pessoas sem treinamento técnico avançado.

A arma apreendida com Mangione, descrita no mandado de prisão, é um exemplo clássico: uma pistola semiautomática com um receptor impresso em 3D, slide de metal e um silenciador. A confirmação do uso de tecnologia 3D na fabricação do dispositivo ainda está sendo analisada por especialistas em balística.

A imagem mostra uma pistola preta posicionada sobre uma superfície clara, ao lado de um carregador também preto. A pistola está em um fundo de caixa de papelão.
A arma que estava com Luigi Mangione, segundo a polícia. Foto Reprodução/ CBS News.

Um problema em expansão

De acordo com o Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), mais de 20 mil armas fantasmas foram recuperadas em investigações criminais em 2022, representando um aumento expressivo em comparação com os números de 2016. A facilidade de aquisição dessas peças pela internet, até recentemente, agravou o problema, permitindo que mesmo pessoas sem antecedentes criminais ou licenças pudessem montá-las legalmente.

Além disso, tutoriais disponíveis online ensinam como transformar essas peças em armas funcionais em menos de uma hora. Esse cenário tem alarmado autoridades, que apontam o aumento do uso de armas fantasmas em crimes violentos e sua disseminação entre menores de idade e indivíduos sem autorização legal para portar armas.

Impacto e debate

A morte de Brian Thompson reacendeu o debate sobre a regulamentação das armas fantasmas. Embora o governo Biden tenha promovido medidas para tratá-las como armas de fogo tradicionais, exigindo números de série e verificações de antecedentes, a implementação enfrenta resistência.

Grupos pró-armas argumentam que essas regras excedem os limites legais, levando a questões que agora estão sendo analisadas pela Suprema Corte dos EUA. Em outubro, o tribunal indicou que poderia validar a nova regulamentação, representando uma possível mudança de postura para uma corte de maioria conservadora.

No contexto mais amplo, o problema das armas de fogo nos EUA permanece alarmante. Em 2022, mais de 48 mil pessoas morreram por armas de fogo no país, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Contexto político

O debate sobre armas nos EUA é polarizado. Enquanto o governo Biden busca reforçar a regulamentação, o presidente eleito Donald Trump tem se posicionado como defensor da Segunda Emenda, que garante o direito de portar armas. Trump mantém forte apoio da National Rifle Association (NRA), um dos grupos mais influentes na defesa de direitos de armas no país.

O assassinato de Thompson traz à tona a urgência de equilibrar os direitos constitucionais com a necessidade de segurança pública, especialmente diante do crescimento exponencial das armas fantasmas.

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