
Detentos exigem justiça e mobilizam entidades internacionais contra as condições desumanas nas prisões do regime de Maduro.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA
Em um ato de desespero e resistência, presos políticos nas penitenciárias de Tocuyito, em Carabobo, e El Helicoide, em Caracas, iniciaram uma greve de fome na sexta-feira, 3 de janeiro. A ação visa denunciar os maus-tratos e exigir a libertação dos detentos, muitos dos quais estão encarcerados sob acusações controversas.
Héctor Alonso Esqueda Nieves, detido durante manifestações pós-eleitorais, é um dos principais rostos deste movimento.
Em contato telefônico com seus familiares, Esqueda Nieves, pai de três crianças, declarou que o inicio dessa greve é uma forma de protesto pela liberdade e pela justiça que lhe foi negada.
Outros presos políticos, cujas identidades permanecem em sigilo por segurança, aderiram à greve como forma de solidariedade, elevando o número de participantes a pelo menos 40 apenas no centro penitenciário de El Helicoide. Este local, também sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN), tornou-se símbolo de repressão e tratamento desumano.
O Comitê para a Liberdade dos Presos Políticos (CLIPP) alertou para a gravidade da situação e apelou a organismos internacionais que condenem o regime de Nicolás Maduro pelas constantes violações dos direitos humanos.
A entidade destacou o cansaço dos detentos em relação aos constantes abusos e condições degradantes a que são submetidos, e pediu uma resposta urgente às violações cometidas pelo regime.
Condições degradantes e repressão crescente
O Comitê de Parentes e Amigos pela Liberdade dos Presos Políticos (CLIPPVE) também se pronunciou, destacando o agravamento das condições carcerárias desde as eleições de julho. O relatório apresentado pela organização evidencia um cenário de repressão sem precedentes, com um aumento alarmante nas detenções arbitrárias.
“O aumento da repressão foi de tal modo que – de acordo com dados de organizações não governamentais como PROVEA– em apenas 16 dias foram registradas, em média, 150 prisões por dia, superando consideravelmente a repressão estatal dos tempos de mobilização dos anos de 2014, 2017 e 2019, e até mesmo os dias de protesto na Nicarágua.
Isso significa o dobro de detidos-desaparecidos por dia em comparação com o Chile pós-golpe de Estado de Pinochet”, destaca o relatório.
Com base em testemunhos de ex-detentos e familiares, o documento detalha as condições sub-humanas em prisões como El Helicoide, Rodeo I, Tocorón, Tocuyito e Yare III. Entre os problemas relatados estão a falta de assistência médica, celas superlotadas e insalubres, ausência de água potável e alimentação inadequada, além de restrições severas às visitas familiares.
A mobilização dos presos políticos e o apelo às instituições internacionais refletem a luta por justiça e direitos humanos em meio à repressão do regime de Maduro, que continua a silenciar vozes dissidentes através de detenção arbitrária e condições desumanas de encarceramento.
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